Pois depois de uma ponte ou outra...

O caminho continua rumo ao infinito!

A finalidade desse blog:

“Resolvi criar esse blog como um incentivo de força para ajudar-me a ser uma pessoa esplendida através da coragem de ser autêntica e espontânea, duas características que muito me cobro, duas qualidades que sempre me desafiaram a possuí-las e que dificilmente consigo ter na prática do dia-a-dia. Sempre preferi ficar calada para não entrar em conflitos ou não ter que ser falsa, pois nunca consegui impor respeito ao que penso e assumir minha individualidade expressando-a abertamente para defender o que sinto e sou em minha essência. Hoje sei que posso ser educada e humilde sendo verdadeira, exigindo respeito alheio, dizendo não corajosamente mesmo sabendo que vou desagradar o outro ou até provocar desavenças. Hoje eu percebo que é melhor enfrentar desavenças com alguém do que deixar esse alguém nos manipular, mandar e usar como se fossemos um objeto disposto a cumprir caprichos do egoísmo, da incompreensão, da intolerância, da inflexibilidade, da prepotência, da vaidade ou da falta de respeito alheia. Eu preciso ser Eu independente dos outros gostarem ou aprovarem o que sou. Eu preciso ser Eu sem fazer de conta que sou outra pessoa. Eu preciso viver o que sou sem agonia para tentar transparecer o que não sou. Preciso provar para mim mesma que posso arrancar esse vicio maldoso da minha personalidade medrosa. Estou cansada de fazer de conta e há anos as juras de ser verdadeira ficam apenas nas promessas de tentativas frustradas que nunca se efetuam. Dessa vez estou me propondo uma promessa diferente: todas as vezes que eu conseguir ser fiel ao que penso e sinto expondo o que sou sem constrangimento, medo ou culpa, recompensar-me-ei com uma escrita de parabéns postada nesse blog. A principio ele vai ficar meio vazio, mas esforçar-me-ei para postar muitos episódios de coragem nele. Eu sei que posso muito mais do que eu penso que posso. Eu sei que posso tudo o que eu quero e dessa vez não estou disposta a fracassos. Chega de viver de intenções, eu quero ser o que sou de verdade. Sei que sou esplêndida, mas ainda posso ser muito mais...” (22/01/2010)


sábado, 25 de dezembro de 2010

Feliz natal e próspero ano novo!



Tudo tranquilo no decorrer do natal. Estive dando uma limpeza no quintal, podando as plantas que cresceram muito com a chuvarada e arrancando os matos intrusos. Aproveitei e colhi rosas amarelas para enfeitar a cozinha. Continuo indo ao parque fazer minhas adoráveis corridas de cinco quilômetros e mamãe fica me esperando num dos quiosques da entrada, perto da lagoa grande. Estou sentindo imenso prazer em todas as atividades feitas, pois a cada dia tenho a sensação de me aproximar mais e mais da liberdade, da paz e quiçá da vida amena que almejo. Estou valorizando cada momento como único, eterno na memória e ao mesmo tempo sem volta. Estou me valorizando, dando crédito aos meus interesses pessoais, as minhas crenças que certas ou erradas me complementam, dão sentido a insensatez misteriosa da vida. Quero sorver cada riso que eu puder dar, quero perceber cada mínimo aroma, quero sentir cada brisa que por mim passar, quero admirar cada som que o mundo emitir, quero mergulhar no meu silêncio e contemplar meu próprio ser dentro da infinitude universal. Não tenho duvidas de que iniciarei o próximo ano sendo uma nova mulher, mais adulta, mais feliz, mais inteira de mim, mais dona de minhas crenças em constantes mutações e, principalmente, mais consciente da auto-estima que me faz ser integralmente responsável pelo que sou, sinto e faço. É muito bom ter essa certeza dentro de mim! E é por isso que agradeço ao universo por cada pessoa que, direta ou indiretamente, contribuiu para isso. Muito obrigado!


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A vida como ela é...


A cada dia aumenta em mim um misto de alívio e tristeza. Se por um lado não aguento mais o tal do faturamento, por outro lado sinto enorme melancolia e pena por pensar que perderei meu senso de prestatividade perante o social-coletivo. Gosto de trabalhar, de sentir-me fazendo algo em prol do meio externo, mesmo que não possa mensurar minha utilidade e insubstituibilidade, no entanto, em primeiro lugar penso em mim mesma e continuo não estando disposta a fazer algo do meu desagrado. Hoje foi mais um dia em que fiquei seis horas em pé guardando prontuário num tal de sobe no banquinho, estica o braço, ainda assim não alcanço a prateleira, busco a escada, subu nela, aguento o pó dos envelopes vindo no olho, depois volto para pegar outro prontuário, agacho, levanto, volto a subir na escada ou no banquinho e isso se repete umas milhares de vezes sendo que a quantidade de prontuários para guardar nunca acaba. Quando não estou guardando-os geralmente estou retirando-os ou guardando exames. Resumindo, em qualquer uma das três atividades o exaustivo exercício físico é o mesmo. Chega de noite e não consigo dormir de tanta dor no corpo. Minhas pernas ficam formigando, as veias dos meus pés estufam e por vezes meus joelhos parecem estar travados. Espero que a vida saiba o que está fazendo e me proporcione melhores condições acaso eu venha a ter um novo emprego no futuro. Lamento deixar o emprego, mas ao mesmo tempo não vejo a hora de o deixar de vez. Estou seguindo o exemplo paradoxal da vida que nessas condições me colocou. Por vezes creio que tudo é predestinado de acordo com a predisposição dos seres humanos. Como uma preta-velha poderia adivinhar anos antes que eu ia trabalhar no meio de médicos? Como um dos “olhadores de sorte” da mamãe poderia ter dito a ela tão de antemão que eu passaria num concurso e que o quinto mês seria decisivo para eu ficar ou não no emprego? Impossível ser obra do acaso. Tudo já estaria assim determinado? Minha liberdade de escolha já estaria pré-determinada por causa de minhas predisposições? Acho que estou matando uma charada sobre o destino, o acaso inexistente, o determinismo e o livre-arbítrio. Agora resta-me esperar o tempo dizer o que está por vir.

domingo, 28 de novembro de 2010

De olho no tarô...


Não consegui dormir e passei a noite em claro depois de chorar muito de raiva. Estou muito irritada com a vida por ela ser tão indefinível, imprevisível e instável. Continuo nas mãos da vida, mas agora já não sei se confio nela como antes, pois talvez seja mais válido confiar apenas em mim. Sinto-me traída, pois a vida não dá aviso, nem explicação para do nada tirar o chão de baixo dos meus pés e me jogar no abismo escuro das incertezas e dos desgostos. Posso estar sendo precipitada, mas emoções são reações instintivas que não programamos e, no máximo, controlamos. Agora nem controlar eu quero mais. Por vezes a vida parece tão boa e depois tão má! Por vezes ela é abençoada e, no momento seguinte ela é maldita. E como lidar com a maldição que não devemos maldizer? Se ao menos eu soubesse o porquê, se ao menos houvesse alguma garantia de algo. Quanta aflição! Talvez ainda reste uma opção: crer em Deus, o dono da vida. Será que Ele é tão indefinível, imprevisível e instável quanto a vida? Mas se estou revoltada com a vida, como estar de bem com Deus? Por hora nem Ele e nem Ela, apenas Eu. Não há consolo para o que é inconsolável e, já que é para sofrer, prefiro fazê-lo sozinha.
Mamãe dormiu apenas uma parte da noite e depois disso estivemos conversando sobre a chácara, sobre Caldas Novas, sobre a mudança de minha irmã para Curitiba, sobre o quintal sem privacidade por causa da construção ao lado, enfim, estivemos tentando definir um paradeiro mais certeiro para a vida. Quanto mais pensamos, menos alternativa encontramos. Simplesmente não sabemos o que fazer. Por vezes penso que nunca mais quero arrumar emprego algum. Ademais, estou fadada de pensar e preocupar com situações problemáticas sem solução. Depois de ver o dia raiar com os olhos ardendo pela insonia e pelo choro que lavou a ira da alma, fui para o trabalho tolerar mais digitação de ficha no chato do faturamento. Estou entediosíssima e garanto que darei um jeito nisso tudo, só não sei qual será por enquanto. Preciso avaliar até que ponto o trabalho me vale a pena, pois sei que não terei valor nenhum a ele se não estiver gostando da atividade exercida. Só o tempo para revelar tantos mistérios.
Minha irmã já criou caso porque acha que minha mãe está me encobertando, me apoiando a sair do emprego. Minha irmã acha que eu estou trabalhando (ou que devo trabalhar) para aprender a suportar o relacionamento humano, mas minhas crenças são outras e em nenhum momento tive esse pensamento sobre o meu trabalho. Eu desempenho uma tarefa para ser útil ao coletivo, mas nenhum interesse tenho de aprender na marra a suportar uma atividade que eu não goste ou um ambiente que me desagrade. Chego até a crer que, se Deus através da vida e por minha própria vontade de lá me tirar, é porque tem algo melhor para mim mais a frente e, como sempre vivo a me dizer, não perco nada por aguardar com confiança e paciência. O momento é incerto, mas minhas crenças são bem definidas. Não sou masoquista e nem pretendo aprender a ser só porque minha irmã acha que assim funciona (ou deve funcionar) a vida. Eu dou valor ao meu esforço e não vou gastar minhas energias fazendo algo que detesto num ambiente que me irrita.
Estive colocando as cartas de tarô e saiu a sequência mundo, estrela, cinco de espadas, nove de copas, rainha de copas, oito de paus e oito de espadas. Estou realmente num momento de fechamento de ciclo e provavelmente novos caminhos seguirão adiante. O auge profissional aparece no oráculo como se me dissesse que fiz o que poderia fazer e que durou o quanto podia durar. Fica claro que, independente do que venha a ocorrer, melhorias sucederão. Que alívio! Meus sentimentos são esperançosos, naturais, em purificação. Minhas emoções são a minha verdade, demonstram a crença que carrego, a qual define as reações e atrações que se despontam em minha vida. Este é um momento de transição e de esperança, pois acabo de ver meus padrões estabelecidos destruídos e tenho que me deparar com uma paisagem misteriosa, desconhecida, onde não há referências e nada é claro, certo e transparente. Contudo, há suavidade e tranquilidade emocional que permite uma orientação nesse momentos de travessia e de busca de novos valores de apoio a minha existência psicológica. Novos ideais surgirão se eu usar de inovação perante a instabilidade desse momento.
Mentalmente estou dispersa, fantasiosa, confusa e atacada, mas tenho percepção compreensiva dos fatos e, apesar de tudo, tenho impulso para manter uma decisão clara por conta dos pensamentos instintivos. O oráculo mostra que tendo a ver o lado intelectual dos problemas psicológicos. Por exemplo, ficar num emprego por conveniência pede esforço sobre a passividade que leva a um sacrifício da parte psíquica. Há orientação interna para um desfecho e as cartas mostram que possuo domínio dos acontecimentos. Saber a hora de ficar quieta e bater em retirada é tão boa estratégia quanto planejar avanços e ataques. Reconhecer quando não tenho em mãos os recursos, ou não estou devidamente habilitada, emocional ou intelectualmente, para determinadas situações, é sinal de sabedoria, de autoconhecimento, de capacidade de aprender e de ser criteriosa. Reconhecer a perda é o primeiro degrau para a escalada à vitória. As cartas mostram minha tendencia de “saída à francesa” sem “dar murros em ponta de faca”. É evidente que quem insiste no erro, quem quer ter a razão a qualquer custo, quem fica “malhando em ferro frio” é o pior tipo de perdedor, porque insiste em não ver as evidências e nem aprende com as oportunidades. Se as coisas não estão saindo como pretendo, não devo me desesperar, pois é temporário. As cartas me aconselham a reservar energia para uma ocasião mais propícia. Tempos de opressão parecem ser o oposto do sucesso, mas, quando vividos por pessoas sábias, fortes, íntegras, confiantes e responsáveis, eles podem representar uma abertura para grandes realizações. Aquele que consegue manter-se otimista em meio a uma crise, sabendo dobrar-se ao sabor dos ventos do destino, reconhecendo seus erros e buscando novas soluções, sem desistir ou perder as esperanças, usando a razão, a sensibilidade, a lógica e a intuição, está marchando para a vitória.
O oráculo mostra que eu desejo uma solução e, ainda diz mais: como sempre desejo que ela chegue em minhas mãos. Minha consciência está em paz e isso me confere harmonia perante o universo. Desejo realizar minha indulgência e auto-satisfação, mas devo estar certa do que realmente quero e aceitar as responsabilidades que vêm com meu desejo. Parece uma leitura fabulosa para quem está no meio do caos como eu. No meio disso tudo falta-me perceber a oportunidade de vivência de expansão, a necessidade de externar os sentimentos e jorrar as emoções para fora a fim de exercer um altruísmo superior. Falta-me perceber que sentimentalmente estou me realizando. Preciso agir com tolerância, calma e paciência. Preciso perceber que minhas reações estão sendo guiadas por minhas emoções e sentimentos, e isso é uma vitória perante o racionalismo que imperava em mim. Em todos os assuntos, estou procurando deixar meu coração liderar para que eu sinta as emoções correntes. Preciso perceber que confio em minha intuição, pois assim estarei mais aberta ao conhecimento de mim mesma e do que me cerca. Sou frequentemente movida pela beleza e pela tragédia da vida. Sinto profundamente e tenho respeito por todas as expressões das criações de Deus. Meu amor inclui e envolve tudo e todos, algo que preciso perceber em meu próprio jeito de ser.
Adiante virá a transmutação de energias, uma visão mais ampliada de mim mesma e da vida. Minha mente se tornará mais iluminada, mesmo que haja a procura de algo incerto por todos os lados. Mudanças de vida e vantagem surgirão. A passividade será vencida. Agora é o momento de eu me auto-afirmar. Todos os elementos estão a postos e trabalharão a meu favor se eu não hesitar. Eventos estarão em movimento e poderão ser levados ao fim. Devo celebrar o passado e me mover em direção de algo novo. Preciso de confiança, ousadia e coragem, até porque novas surpresas podem surgir. De negativo há a enfase da dificuldade de comunicar meus sentimentos. Está surgindo um período de muita ação depois de lutas e atrasos. Tudo isso me ajudará a abrir a mente para ter uma visão mais global e realística da vida. Meus resultados serão mais de ordem espiritual do que material, pois estou aprendendo a focar minhas crenças, a fazer escolhas e ser responsável pelas minhas decisões pessoais, a deixar minhas emoções falarem na mesma altura que minha razão. Para finalizar tirei mais três cartas: morte, cavaleiro de copas e às de espadas. Transformações surgirão arrancando velhos males pela raiz. Mente e coração transmutarão suas forças florescendo novas ideias e oportunidades de vivência. O foco será ampliado e a mente iluminada promoverá a ação. É hora de tomar uma decisão com um único golpe e seguir adiante.

domingo, 21 de novembro de 2010

Fotos quase autênticas...

Valendo-me da arte e a critividade para algo diferente....

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Ser ou não ser, eis a questão...


Embora tenha tomado um bom banho de rosa, gardênia, alfazema, manjericão, abre caminho, cravo da índia e guiné, ainda me sinto estranha, confusa e carente. Tive uma noite péssima e acordei várias vezes com refluxo gastroesofágico, um mal de família. Acordei hoje com a garganta queimando, pinicando, mal consigo conversar e tenho crise de tosse, sem falar que estou levemente rouca. Durante o dia também senti o acido do estomago subir para a boca e me queimar por dentro. Custei a aguentar ter que atender o telefone e fazer as ligações necessárias. Estou pigarreando de minuto a minuto para tentar evitar a tosse. Isso sem falar na eructação que me faz arrotar a cada gole de líquido que bebo. Já tratei de elevar quinze centímetros a cabeceira da cama. Estou me sentindo uma ruminante tanto mental quanto estomacal. Estou travada nas minhas quatro metas. Já percebi que minha mente por vezes fica no seguinte ciclo vicioso: não sou x, quero ser x, me esforço para ser x, mas quanto mais eu tento me transformar em x, mais eu me bloqueio e, como não consigo ser x, acabo tendo resistência em querer ser x. Por fim detesto x, desisto de ser x, mas de tempos em tempos eu penso que preciso ser x, idealizo ser x e volto a querer ser x. Daí eu vivo expectativa e frustração em torno do ser ou não ser x. Desde muito já percebi que o melhor para mudar uma postura é adotar o seguinte padrão de pensamento: sou x, preciso me sentir sendo x, pois assim serei x de forma natural.
Se somos o que acreditamos ser, então tudo o que preciso é crer que já sou o que almejo ser. Como me convencer disso? Preciso me conscientizar que sou o que acho que não sou para me sentir sendo e viver o que sou de forma pacífica. Complicado, não? Algumas melhorias na minha personalidade eu consegui assim, mas tem características que parecem impossíveis. Se consegui paz e alento na vida foi por pensar que não precisava mexer em algumas características dolorosas de mim mesma e aceitar-me exatamente como sou. Mas e aí, o que fazer se não quero ficar no comodismo de ser razoavelmente boa para mim mesma? Eu não quero a mediocridade de ser completamente calada, um tanto inteligente, um pouco bonita, levemente interessante, mais ou menos pró-ativa e nada divertida. Tampouco estou buscando o extremo, pois gosto de ser o que sou. Aliás, é aí que sinto tudo complicar: sou apegada ao meu jeito de ser e mesmo quando penso que posso ou devo melhorar, por fim acabo pensando: será que vale a pena tanta tortura emocional? A verdade é que eu vivo as mil maravilhas quando me convenço (e isso é fácil) que estou bem assim, quando faço a mediocridade ser sinônimo de humildade e faço o comodismo ser sinônimo de simplicidade. Afinal de contas, porque eu tenho que desejar ser melhor? Porque eu tenho que desejar ser mais sociável, mais amigável, mais desejável, mais atraente, mais amável, mais educada e quiçá até mesmo mais normal? Quanta confusão! Se não estou doida estou prestes a ficar. Deus queira ter piedade de mim e me tirar dessa tormenta maluca...

sábado, 13 de novembro de 2010

Sendo mais do que sou...


Cheguei numa conclusão de que determinadas coisas nessa vida, principalmente questões de caráter, conseguimos com esforço contínuo, algo que ao longo do tempo se transforma em prática, habilidade e por fim se torna natural, comum. Ninguém nasce habilidoso e as qualidades que parecem natas por certo já foram conquistadas noutras encarnações passadas. O auto-amor está intimamente ligado a sensação de auto-orgulho. É maravilho sentir orgulho de si mesmo por ser o que é, por ter o caráter que se tem, por conseguir fazer determinadas coisas, por ter capacidades específicas, conhecimentos determinados, etc. Quando conseguimos ser o que idealizamos, automaticamente gostamos de ser o que somos. Num período inicial há dificuldade, há criticidade interior, existe a sensação de auto-desprestigio e de fracasso, ao menos comigo sempre foi assim. Pior é que nunca me fortaleci a superar essa dificuldade inicial, pois minha tendência foi desistir, me dar por vencida, me obrigar a não importar, a não desejar a qualidade almejada, a ficar no comodismo da mediocridade pessoal. Além disso cheguei a conclusão de que, não apenas aquilo que desgosto nos outros, mas também aquilo que aprovo, é sinal de desejo interno meu. Claro que isso ocorre em nível inconsciente e precisamos muita sabedoria, auto-lealdade e boa-vontade para conosco mesmo para identificar e aceitar essa verdade.
Outro dia desses “Ameth” me disse que o homem que eu tanto desejo e idealizo para minha vida não passa de uma busca de ser do meu animus, ou seja, o homem ideal que eu sempre imaginei para ser meu companheiro de vida em verdade é aquilo que meu lado masculino sempre desejou ser. Claro que meu lado feminino entra em conflito com alguns desejos, mas muitos deles são desejos em comum. É apenas um desejo projetado pois, quando achamos que não conseguimos ser algo que desejamos, a alternativa cômoda é buscar isso através de outro que o seja para nós. Daí a tendência que sempre tive de desejar para minha vida um homem que seja cordial, que se interessa pelos outros, que seja prestativo, sincero e afetivo para suprir a carência de eu não conseguir na íntegra ser tudo isso. E por trás disso vem o lado profissional e financeiro, a estabilidade e a segurança que tais características conferem a uma pessoa, bem como o principal: a maturidade, a autonomia, a independência e a individualidade. Não há nenhum mal em ser uma pessoa amorosa e não saber ou não conseguir expressar o sentimento de amor, porém há um problema: a insatisfação que isso gera. É como ser um exímio pintor e estar num local donde não existe tintas. De que adianta eu admirar a prestatividade se no dia a dia acabo dando preferência aos atos objetivos, rápidos e pouco prestativos? Como me interessar pelas pessoas se eu não me dispuser a esse interesse? E como ser afetiva se eu não me dispuser a ser vulnerável e amigável? Eu preciso dar importância ao que admiro, acreditar que posso sê-lo e entender que o esforço para conseguir isso não se dá do dia para a noite, mas que é possível com o treino contínuo. Quando eu fraquejar, ao invés de zerar a importância das características almejadas me auto-boicotando como sempre fiz, devo me fortalecer e continuar nas tentativas ocasionais que a vida me proporcionar.
Estive estipulando um quadro de metas para mim. Não terei um tempo determinado para cumpri-lo, mas sim um total de 120 superações das quais divide-se em quatro objetivos dos quais desejo muito melhorar: 1. Interessar-me pelo bem-estar do outro; 2. Ser mais prestativa do que objetiva; 3. Ser intima mostrando minhas vulnerabilidades; e 4. Ser afetiva estabelecendo contato físico e visual. Vou ter de esforçar-me bastante dia após dia para conseguir vencer minhas dificuldades pessoais, mas estou empenhada nisso. Se atualmente consigo ser bem mais desinibida, segura, autêntica e espontânea do que antes, isso se deu por minha força de vontade em me ver e me sentir sento tudo isso. De agora em diante eu sou cordial, prestativa, íntima e afetiva. Isso aumenta um pouco minha lista de características pessoais (ou qualidades) escrita no dia 17 de agosto desse ano.

Completando a escrita sobre tal assunto vou comentar sobre mais um livro que acabei de ler chamado Dê-me animoi. O autor diz que o âmago da palavra cordial é a palavra coração e o âmago deste é kardia, termo grego que na maioria das vezes se refere ao centro da vida interior de alguém, a fonte ou sede de todas as forças e funções de nosso ser interior. Assim, quando pensamos em ser cordiais, pensamos em algo que vem do íntimo e se relaciona com o centro da própria vida. A origem da cordialidade começa com a crença profundamente arraigada de que o outro sujeito é importante, verdadeiramente significativo, merecedor de minha atenção integral e de meu interesse incomparável, mesmo que o seja por uns poucos segundos. Quando a cordialidade é estimulada por tal crença, então ela me predispõe a ser sensível aos sentimentos dos outros. Preciso muito ter isso em mente, sentir isso no meu dia a dia. Se uma pessoa está inquieta e na defensiva, a cordialidade alertar-me-á para colocá-la à vontade, para ajudá-la a sentir-se confortável. Se estiver acanhada, a minha cordialidade deve proporcionar-lhe alívio. Se estiver entediada e aborrecida, a cordialidade deve estimular e revigorar. Se estiver triste e melancólica, a cordialidade deve distribuir ânimo, fazer reviver e rejuvenescer quem está perto. Que virtude necessitada e necessária é esta! Projetamos a cordialidade com um sorriso espontâneo, um aperto de mão, um contato visual, uma palavra de estímulo, etc. É isso o que exercitarei e integrarei à minha rotina. É esse o desejo do me coração.
i SWINDOLL, Charles R. Dê-me animo. Trad.: Luiz Aparecido Caruso. São Paulo: Editora Vida, 1992.

domingo, 17 de outubro de 2010

Sendo simples...


Hoje vovó veio aqui para casa. Depois da complicação de trabalhar pela manhã, tomei um banho de casca de alho e aproveitei para tirar umas fotos a fim de fazer montagem no computador. Já que não posso viajar pelo mundo, me transporto da maneira como me é possível. O importante é satisfazer-me dentro das minhas limitações e possibilidades. Adoro meu talento e paciência de fazer as montagens fotográficas. Assim me vejo em todos os países desse mundão de meu Deus. Aliás, falando nisso, minha prima que retornou dos Eua esteve aqui com a irmã. É tão estranho situações como essa, pois lembro da infância e é como se o tempo houvesse passado para todo o mundo, menos para mim. Eu ainda me sinto aquela criança que só tem interesse de desenhar, escrever, ler e brincar. Vibra intensamente aquela sensação de ser completamente deslocada do mundo, da normalidade, da cultura na qual estou inserida. Pessoas com quem eu brincava na infância hoje parecem desconhecidas, como essas duas primas de segundo grau que estiveram aqui em casa hoje, como as outras duas primas “Japanyse” e “Anozama”, enfim, o mundo me é desconhecido, pois não tenho afinidade com absolutamente ninguém. Sou desinteressada do mundo social, dos ganhos financeiros, das vaidades inúmeras. Minha mãe diz que eu sou humilde, mas eu tenho as minhas dúvidas. Prefiro pensar que seja uma pessoa simples. Interessante é que a simplicidade gera tranquilidade de vida, mas também pode gerar tristeza se a pessoa não tiver controle mental e sabedoria emocional. Ser simples é ser deslocado do meio imposto e mantido pela sociedade, é não ter ambição e vaidade, é ser completamente anormal. Quantas pessoas já me taxaram de anormal como se eu tivesse uma deformidade mental por ser assim. Quantas vezes cercada de olhares críticos eu mesma me deprimi sendo crítica de mim mesma ao não ter interesses “normais” compatíveis às vaidades da adolescência e, posteriormente, às ambições da vida adulta. Por vezes me pergunto se essa falta de interesse provém do constrangimento que sempre senti perante o ambiente social. Parece um circulo vicioso: não gosto e não me interesso por situações e locais por sentir-me constrangia e, concomitantemente, me sinto sem graça exatamente por não estar gostando da vivência e não poder interagir-me com bom-humor, graça e leveza conforme as demais pessoas. Bom, só Deus para saber o que se passa com meu pobre e pequeno ser.
Frase postada no Orkut, Twitter, site-blog e MSN (Facebook): “Canto louvores a Deus como evangélica. Rezo novena como católica. Faço rituais como umbandista. Medito como budista. Pratico a caridade como espírita. E se alguém perguntar minha religião eu vou responder: o amor. Porque não se foi essa a religião de Jesus?”

domingo, 10 de outubro de 2010

De olho no tarô...

Minha mãe me acordou cedo chamando para irmos ao Carrefour. Arrependi-me mil vezes de ter ido. O local estava lotado e as filas dos caixas davam voltas dentro do supermercado. Senti um mal-estar de quase desmaiar lá dentro, uma abrição de boca contínua e uma dor nas costas que fazia tudo ao meu redor girar em volta de mim. Além do mais o ar condicionado detestável do lugar irritou meu sistema respiratório e por vezes eu tinha a sensação de que estava ficando com falta de ar. Minha cabeça foi ficando pesada e confesso que nem depois de sair de lá eu melhorei. Caminhei de volta com mamãe para casa ainda bocejando sem parar e arrastando os pés. Custei a chegar em casa para tomar um banho de comigo ninguém pode, arruda, guiné, manjericão e sal grosso para cair na cama e praticamente desmaiar. Um sono profundo que o mundo parecia ter sumido comigo dentro.
Ontem estive olhando o tarô. Ele disse que eu me encontro caminhando pela vida sem destino certo, sem foco, mas com a energia de chegar em algum lugar qualquer. Estou tranquila na jornada que me cabe. Minhas emoções estão se purificando, energizando. Estou em paz com meu lado emocional, mesmo que permaneça sensível. Minha mente está em crescimento e expansão. O inconsciente aos poucos está surgindo. O progresso de buscar o desconhecido está sendo efetivado. Entretanto, há perigo na busca de descobertas, pois não tenho uma visão global de todos os acontecimentos e fatos. Os eventos em movimento progridem rapidamente. Posso me sentir capturada num redemoinho, mas em pouco tempo a poeira assenta, e verei como meus planos de saber mais poderão acontecer. Estou prestes a obter novas informações. As notícias podem aparecer disfarçadas, portanto devo ficar alerta. É preciso cautela para abrir a cabeça perante as informações desagradáveis que possam surgir. Não estou percebendo, mas tem uma presença masculina na minha vida imperando seu poder de ordem e controle. Não sei até que ponto é interno ou externo esse homem. A única coisa que posso fazer é aguardar o imprevisível que está para surgir. Entretanto, preciso não desperdiçar energia mental, não sofrer por pensamentos fantasiosos desajustados. Preciso cuidar do meu campo mental para não me sentir desgastada. Pequenos e irritantes incidentes podem surgir. Devo estar consciente e bastante esclarecida em relação à realidade que vivo a fim de não me esquivar às provas de força que a vida me proporciona. É tempo de mostrar a própria capacidade e enfrentar os desafios, com um profundo sentido ético (louco, estrela, às de ouro, oito de paus, imperador, torre e cinco de paus). Essa foi a leitura.

sábado, 25 de setembro de 2010

Meditativa...


Inicialmente quero relatar que existem três situações dentro do Uai que estão me desagradando, mas nada sério. A primeira delas é uma copeira que me olha da cabeça aos pés e volta me olhando dos pés a cabeça. Dá vontade de voltar aos quatro anos de idade e colocar língua para ela, mas obviamente não posso fazer isso. Não estou nem aí para ela, mas me dá nos nervos o desdenho invejoso que noto nos olhos dela. Em segundo vem um dos seguranças que por uma brincadeira me chamou de Fernanda. Que ele tenha as justificativas dele para a brincadeira eu entendo, mas estender essa brincadeira ridícula por quase três meses fazendo questão de só me chamar de Fernanda na frente de todo mundo está se tornando insuportável. Vou ter de ser sincera com ele e pedir que pare com isso. Se duvidar vou fazer ele desconfiar na marra chamando-o de um nome qualquer que não o dele. Aí ao menos a brincadeira vai ficar de igual para igual. Em terceiro, há um sujeito que me olha de maneira fixa. Todas as vezes que o noto, percebo que ele já estava me olhando de maneira encarada. Parece que ele nem pisca quando me vê. Se não houvesse notado isso antes de ter tido catapora até poderia pensar se tratar do meu estado ainda com leves manchas na pele, mas creio que ele sempre me olhou dessa maneira: com o olhar perdido em mim. É muito, mas muito estranho. Nosso contato é mínimo e não gosto de me sentir analisada tão fixamente por olhos masculinos, parece que vão me engolir. Ele disfarça, mas não o suficiente. Eu noto que tem alguma coisa errada, só pode ser. O que é eu espero descobrir, só não sei como. É muito chato alguém ter um comportamento anormal comigo e eu não ter meios de saber o que vai na cabeça da outra pessoa, até porque, pode ser apenas o jeito dele. Vou ficar atenta para verificar se ele olha as outras pessoas de maneira fixa também.
Hoje a labuta foi no faturamento e não me canso de dizer que é o pior dia de trabalho da semana. Voltei a conversar com 'Ameth' sobre o assunto pendente de ontem. Defini três passos importantes: primeiro está em não reprimir os desejos ou necessidades para eles não se fortalecerem de modo inconsciente. Isso leva ao segundo passo: aceitar o desejo e a necessidade. Por fim vem o terceiro passo: definir com precisão o que me falta e me proporcionar isso, mesmo que de maneira indireta. Defini que me falta completude, afinidade, irmandade, amor desinteressado, intimidade e respeito. Tudo isso engloba o sentimento de amizade espiritualizada que preciso e almejo. Agora resta-me saber como me proporcionar essa auto-amizade. 'Ameth' disse que, quando eu conseguir me auto-suprir, não terei necessidade de buscar esse suprimento fora e, por mais que o mundo e as pessoas me ofereçam amizade externa, não serei escrava de nenhum sentimento de afeto vindo de fora, ou seja, não sentirei nenhum resquício de carência afetiva. Ademais, conseguirei expressar e sentir amizade de maneira mais natural. Continuarei meditativa a respeito desse assunto misterioso. De resto “Dayse” trocou a frase do Orkut e MSN por: “Só mesmo o tempo; Pode revelar o lado oculto das paixões; O que se foi; E o que não passará; Inesquecíveis sensações; Que sempre vão ficar; Pra nos fazer lembrar; Dos sonhos, beijos; Tantos momentos bons...”

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sentimentos turbulentos e misteriosos...

Enquanto corria no parque logo cedo estive a conversar com 'Ameth' sobre minha situação desgastante de sisudez. Ele resgatou aquela conversa sobre amizade: amar é um dever, mas ser amigo não. Foi-nos ordenado: amai os vossos inimigos e não fazei amizade com os vossos inimigos. Amor independe de amizade, mas amizade depende de amor e muito mais. Então ele disse que inconscientemente estou escrava de uma carência mística-afetiva da qual preciso me libertar. Não é pelo fato de carência ser algo insuprível, mas principalmente pelo fato de eu não ter condições pessoais de sanar, de saciar essa necessidade-desejo com atitudes reais. Mesmo que fosse algo suprível, ainda assim eu não teria condições de suprimir essa vontade física, emocional e espiritual de afeto crístico, de amor puro, de carinho desinteressado. O que fazer então? Como me libertar? Como me auto-saciar? Ele disse que era para eu buscar as respostas. Por vezes fico tão confusa com a busca de sabedoria do tipo conheça a ti mesmo, conheça a verdade e ela vos libertará. Como me sentir livre de algo nato a todos os seres humanos? Como não ter necessidade de algo que coletivamente todos anseiam? Tenho obrigação de amar e não de ser amiga. Tenho por direito receber amor, mas não amizade. Se no âmbito do amor consigo me sentir amando e sendo amada, como desvencilhar-me da vontade insaciável de intimidade profunda, de afinidade máxima, de afeto puro e crístico?
A questão é: somos dependentes da esfera divina, mas não devemos nos sentir dependentes dela uma vez que ela se encontra dentro de cada um de nós. Sou a única que posso ser minha real amiga, uma amizade moldada ao meu próprio caráter e que pode saciar-me por inteira. 'Ameth' estava certo quando disse que me amo, mas que ainda não me complemento enquanto auto-amiga. Amor próprio já não me é suficiente, preciso de amizade própria. Vou manter-me meditativa sobre o assunto e espero chegar a uma conclusão satisfatória. De resto tenho a dizer que a experiência de dividir-me em muitas partes-personalidades terminará ao final desse mês. Foi o suficiente para sentir a minha própria complexidade. Posterior a isso serei apenas eu, a Carla, mantendo o nome-apelido das pessoas externas que convivem comigo. Preservarei 'Ameth', uma vez que o coloco como um ser interno e externo. Por hoje o fato mais marcante foi esse. Finalizando essa escrita, ainda antes de “Alra” ir trabalhar, “Dayse” postou a seguinte frase no MSN: “...O que devo fazer, abre o jogo me diz, quero provar pra você, que posso te fazer feliz...” e essa outra no Orkut: “Eu tô procurando te esquecer; Mas não consigo; E, andam dizendo que você; Foi meu castigo. Não, não tô lamentando o nosso amor; Mas, já não suporto tanta dor; E meu coração tá nesse drama; Quanto mais aumenta a mágoa, mais o amor acende a chama”.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

De olho no tarô...


“Olá para todos! Na parte da tarde estive a chorar. Nesses dias de tamanha sensibilidade física, estou emotiva. Chorei a dor da morte, pensei muito em meu pai e imaginei a tragédia que será ter de passar por isso em dose dupla quando vier a ocorrer com minha mãe. Não é a primeira vez que choro pensando na morte dessas duas pessoas, sem dúvida as mais importantes de minha vida. Papai se foi e mamãe não é imortal. Que dor isso causa e é daquelas dores sem remédio, que o tempo faz de conta que cura, mas em verdade é incurável, pois o tempo só aumenta a saudade e a própria dor da distância, do vazio que fica. O amor que ao outro liberta, no próprio peito aperta. É a vida, é a morte, é a realidade, é o vazio existencial, é a pluralidade dos mundos, das reencarnações, é a dimensão infinita do tempo, do espaço, da energia vital, é a insignificância e impotência humana devastadora e dolorosa. Sinto falta de quem já foi e sinto falta de quem um dia irá. Nada, absolutamente nada eu posso fazer. Rezar, foi o que fiz. Ao menos é um consolo, um paliativo ao coração que se sente despedaçado, solitário, amargurado, mas ao mesmo tempo conformado, compreensivo, resignado com sua fragilidade e impotência. Sou sozinha na vida e preciso me virar unicamente comigo. Não tenho ninguém, nunca vou ter, e se um dia tiver, esse alguém me poderá ser tirado. Nunca perdi nem jamais perderei alguém, pois não se perde o que não se tem e ninguém é de ninguém. Não sou só pois me tenho, mas estou só e sempre estarei. Haja força na solidão, haja fé na insignificância, haja paciência na escuridão e sabedoria perante a ilusão. Que haja luz perante a infinitude, perante o atemporal, perante o todo donde reside a vitalidade divina! Não chorei muito, mas chorei o que tinha de chorar e me dei por satisfeita em minha necessidade saudosista de relembrar o passado e imaginar algo previsivelmente dolorido do futuro.
Mudando de assunto, 'Pérolla' colocou as cartas do tarô para mim. Estou num momento de mudança pessoal, arrancando alguns males pela raiz, purificando meu ser espiritual (isso tem a ver com a catapora). Embora as incertezas existam, eu trilho e abro os caminho com proteção superior. Uma nova fase me espera em breve (morte, lua, papa, namorado, roda da fortuna, louco e mundo). Encontrarei um homem que vai mexer comigo, com minhas crenças e com meu senso de isolamento mais do que eu possa imaginar. Será algo marcante, mas talvez ainda demore mais um tempo para ocorrer. Não é de hoje que as cartas dizem isso sobre essa figura masculina em minha vida (imperador, força, torre, eremita, diabo, imperatriz e carro). De todo modo, dessa vez surgiu uma revelação: a figura masculina continua ligada a uma mulher mais velha que eu e, dessa vez, as cartas mostraram que ela não pertence ao mundo material, ou seja, deve ser mesmo a pomba-gira Rainha (morte, papisa e imperador na posição central). Há libertação e força ligada ao lado espiritual, ou melhor dizendo, estou espiritualmente me fortalecendo e me libertando (lua, julgamento e força na esquerda). Ainda há acontecimentos kármicos inesperados para ocorrer. O oráculo não disse se serão positivos ou negativos (papa, justiça e torre na direita). Perante as incertezas é melhor manter a prudencia e usar a minha sabedoria interior sem buscar concelhos alheios e externos (namorado, temperança e eremita na posição superior). Há um contraste a ser superado entre o naturalmente simples e o impressionavelmente complicado. Meus desejos se contrastam e se chocam nesse ponto. A confusão interior de sentimentos dúbios relacionados a isso se fará evidentemente gritante diante de uma situação que me surgirá mais adiante (roda da fortuna, estrela e diabo na posição inferior). Cheguei aonde tinha que chegar e não tenho muito o que fazer agora. Resta esperar o tempo trazer novos acontecimentos (louco, enforcado e imperatriz na extrema direita). Na fase vindoura, a qual parece estar um tanto próxima, novas atividades virão prometendo sucesso e triunfo pessoal (mundo, mago e carro na inferior direita). Dei-me por satisfeita apenas com tal leitura, sem nada precisar perguntar. Bem, isso era o que tinha a contar. Muita paz a todos e até qualquer outro dia...”

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Compreensão...


“Olá! Estou pegando a sua frase '...sempre elogiei o seu modo de escrever, mas é algo mais, é a maneira como você compreende a vida e a si mesma..." Embora você pense isso, sempre me julguei tão aquém desse tipo de compreensão. Será que compreendo de fato a vida e a mim mesma? Minha percepção parece tão limitada pela minha pequena vivência, por eu ter estado sempre no meu mundinho pacato, cheia de reservas e defesas, reclusa do meu próprio jeito crítico de buscar o controle de todas as situações e de desejar neuroticamente ser perfeita. Quantas vezes sofri me vendo uma pobre coitada que não entendia nada da vida, que era solitária, sem comando de nada, sem ter a vida nas mãos, sem saber do destino, sem conseguir definir o que queria fazer da vida, sem ter ideia de como viver no mundo real, nesse mundo de matéria donde todos buscam as aquisições do status e os prazeres fugazes que sempre considerei ilusões banais. Que compreensão tem alguém que sempre foi recriminada por não ter vaidade, por ser muito econômica, por ser cheia de regras, pudores, manias, por ser cansada de tudo e, principalmente, por ser isolada de todos? Que compreensão tem alguém que nasceu e não cresceu, que milhares de vezes teve que fugir de inúmeros psicólogos, psicoterapeutas e até de tratamento psiquiátrico? Que compreensão tem os anormais, os mongoloides, os infantis?
A maior e melhor compreensão que tive da vida ao longo de todos os anos foi entender que nada, nem ninguém, pode me qualificar, definir ou diminuir, pois somos seres indescritíveis espiritualmente falando. Compreendi que nada ter e nada ser é natural para todos os humanos, ou seja, eu não era a única perdida, vazia e solitária na imensidão do todo. Compreendi que sou perfeita sendo exatamente imperfeita, pois é na autoaceitação de assim ser que está a entrega, a liberdade, a espontaneidade, a simplicidade e a autenticidade de minha essência. Compreendi que eu não tinha que buscar ser alguém normal, nem desejar ser extrovertida, pois não fui criada para viver personalidades do tipo Carla 'ideal' moldadas pela família. Eu paguei o preço de renunciar a própria vida para conseguir sobreviver e nem preciso dizer que, constantemente, minha vontade de inexistir foi profunda. Sempre senti-me de mãos e pés atados numa busca desenfreada de compreender o que eu tinha de errado já que minha anormalidade não era estampada como a de um esquizofrênico. Eu sempre fui declarada linda, inteligente, mas inútil, incapaz, condenada ao pior e abandonada por todos que tanto cansaram de 'pelejar' comigo. Quantas vezes eu chorei a amargura de não me sentir respeitada e aceita dentro do lar. Foi a maior cruz e dor que carreguei. Como eu poderia me aceitar se nunca fora aceita por ninguém? Como eu poderia me amar se sempre me sentira rejeitada, principalmente pelos mais próximos? Isso pode parecer injustiça, pois sempre fui amada pela minha família, mas sabe aquele amor que bate e depois assopra? Sabe o amor do tipo te aceito porque não tenho alternativa, mas vou lutar a vida inteira para te transformar na pessoa que idealizo como filha, irmã, sobrinha, etc? Eu sempre compreendi esse amor egoísta dos outros, mas como impor respeito se nunca ninguém me considerou digna de ser respeitada e sempre me magoou querendo apenas o meu bem?
Ah, como sofri! Eu tinha tudo e nada era. Eu me perguntava como merecera nascer com um corpo perfeito, com inteligência e beleza, com saúde e família, com casa e comida, com oportunidade de fazer um curso superior que eu sempre soubera ser apenas para possuir diploma, enfim, eu me perguntava: quem sou eu para ter a graça de tanto se nem caridade consigo fazer pela timidez que me amara num casulo? Compreendi que o erro não estava em mim, nos meus defeitos, na minha timidez ou na minha vida, mas no meu modo de visualizar as coisas, pois eu fora condicionada a enxergar a realidade de forma destorcida. Compreendi que não existe ninguém maior ou melhor que ninguém, pois em verdade somos todos iguais, criados da mesma forma, simples e ignorantes. Compreendi que meu jeito de ser está muito além do que qualquer outro humano possa apreciar e que eu definitivamente não preciso do apreço de ninguém além de meu. Sobretudo compreendi a me valorizar e ser o que sou, mesmo que seja para ser odiada, debochada e escarnada. Hoje tenho a compreensão de que a vida me guia e não preciso me preocupar com ela. Hoje tenho a compreensão de que fazer da minha parte é unicamente confiar na providência divina e deixá-la atuar milagrosamente a cada minuto do meu viver. Hoje tenho a compreensão de que sou plena e realizada, pois me aceito e me amo exatamente como sou. Hoje compreendo que mereço as graças do prazer, da paz e do júbilo interior não pelo que faço, não pelas minhas qualidades ou capacidades, mas por ser usufrutuária da realeza divina. Hoje compreendo que não preciso ser perfeita para de fato ser perfeita, pois eu nada tenho que ser, eu apenas tenho que existir com responsabilidade, liberdade e consciência.
Houve um Amor Maior que me fez superar o abandono, o desrespeito, o escarnio, a injustiça e a ignorância do amor egoísta da minha família. Em todos os meus momentos de pranto eu me perguntava como esse amor podia ser tão grande a ponto de compreender a miséria de meu ser, algo que eu mesma não compreendia. Hoje compreendo que todos nascemos miseráveis, mas podemos ser ricos apenas aceitando a nossa miséria. Compreendi que posso ser do meu jeito, amar do meu jeito e ser feliz do meu jeito. O meu jeito não é certo e nem errado, é apenas único e mutável a cada etapa de evolução. Hoje compreendo que é inerente da condição humana ser tão miserável quanto o pó, tão impermanente como o tempo e tão útil como o ar que nada precisa fazer para provar sua utilidade. Compreendi muita coisa durante a vida, mas só compreendi porque sofri, porque não vivi a normalidade, a perfeição, a cumplicidade das afinidades e a intimidade das amizades. Todo o compreendido foi por ter vivido o que durante anos lutei reneguei e fugi para evitar viver. Nessa vida ilude-se quem pensa que vive o que deseja. Em verdade todos nós vivemos o que necessitamos viver. Escolhemos nossas escolhas, mas não possuímos o comando da vida que trilhamos, pois o plantio é livre, porém a colheita é obrigatória. Independente do que eu seja ou faça, independente do que me aconteça, hoje compreendo que o importante é estar com a consciência tranquila e ser grata por tudo. O que agora sou ou faço e aquilo que me acontece não tem tanto valor quanto a certeza de que vivo e cumpro a vontade divina. Isso é internalizar, reverenciar e compreender a frase dita por Pedro: 'Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim' (Gl2:20). Bem, chega de reflexões por hoje. Um grande abraço e até a próxima...”

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O que sou...

“Olá! Estou lhe enviando uma análise que fiz de mim mesma e espero que ela sirva-lhe como incentivo para buscar sua maneira pessoal de alcançar o bem estar e a plenitude existencial. Creio que o segredo da nossa fluidez, êxtase e amor perante, e para com a vida, deve estar no nosso próprio jeito de ser. Vejamos o que identifiquei em mim:
Sou moralmente imperfeita (entendo minhas emoções negativas e aceito a não-aceitação das minhas limitações e defeitos);
Sou altruísta (sou generosa e penso no coletivo);
Sou vulnerável (aceito as fragilidades como algo mutável, mas indissolúvel);
Sou insignificante (sou finita na matéria, sou limitada na sabedoria, sou humilde na impotência);
Sou verdadeira (aceito conscientemente meu lado obscuro e sou espontânea sendo o que sou, mesmo que isso desagrade os outros ou gere conflito nos relacionamentos);
Sou afetivamente auto-suficiente (estou bem comigo mesma sem precisar da atenção, do afeto, do reconhecimento ou da companhia alheia);
Confesso que esses seis primeiros jeitos de ser foram desenvolvidos com muita conscientização e luta pessoal. O resto veio de forma nata, mas também foi pouco a pouco aprimorado (e esse aprimoramento é infinito):
Sou meditativa (sou introvertida, autocentrada e busco o autoconhecimento constantemente);
Sou confiante (tenho fé na vida e em mim mesma, sou flexível para receber o inexplicável e estou aberta para o inacreditável);
Sou resignada (aceito as imprevisibilidades e impermanências justas e necessárias da vida, aceito a mudança dos meus próprios conceitos);
Sou feliz (escolho diariamente enxergar e viver os fatos com alegria, sejam eles quais forem);
Sou responsável (sou disciplinada, tenho autonomia nas próprias escolhas ou decisões, não me faço de vítima e nem projeto a culpa dos fatos ou dos sentimentos nos outros);
Sou consciente do presente (tenho atenção comigo mesma e mantenho-me concentrada na vivência do momento);
Sou pacífica (tenho paciência profunda e controle dos meus impulsos);
Sou grata (regojizo-me com o próprio mérito, surpreendo-me com as pequenas coisas);
Sou corajosa (tenho controle das tensões negativas como o medo);
Sou compassiva (sou solidária e compreensiva comigo e com os outros);
Sou útil (tenho metas de vida e cumpro os propósitos pessoais de evolução).
Que não seja arrogância me julgar tudo isso, mas é sentindo ser que aproprio-me da essência interna e divina que tudo é, sempre foi e eternamente será. Muitas vezes precisamos apenas nos conscientizar dessa essência e abrir espaço para a mesma se manifestar. Isso não é passe de mágica, é um trajeto de evolução que percorremos a milênios e do qual temporariamente estamos restritos por causa do esquecimento necessário. Resgatar e abrir espaço para isso é a mágica em questão. Uma bela noite, cheia de magia e bençãos... até outra hora...”

sábado, 14 de agosto de 2010

Pesquisa...

Tenho algumas perguntas a lhe fazer, curiosidade de momento para uma análise das minhas mudanças e progressos pessoais. Conto com a sua sinceridade: Qual a primeira impressão que você teve de mim? Como você me via? Qual a imagem que ficou em você da minha pessoa? Quando pensa em mim o que primeiro lhe vem em mente? Em algum momento você percebeu-me sendo algo diferente do que imaginava? O quê em mim poderia lhe causar admiração ou repulsa? Estou fazendo essa pesquisa com algumas pessoas que marcaram minha vida em diferentes situações e de formas variadas. Assim que me enviar a resposta, responder-las-ei para que você também possa ter meu feed back sobre sua pessoa. Beijocas...

O que somos em verdade?

"Revelar as partes que aprendemos a reprimir é a chave para o entendimento de como desfrutamos da liberdade em algumas áreas da vida e nos comportamos como robôs em outras. É o medo que nos convence a usar uma das infinitas máscaras para nos esconder e construir uma personalidade - um figurino, por assim dizer - para ocultar quem realmente somos. Trabalhamos incansavelmente para criar uma fachada, para que ninguém decubra nossos pensamentos sombrios, desejos, impulsos e histórico pessoal. Foi a sombra do passado que nos levou a construir a face - a máscara - que mostramos ao mundo. Seremos alguém que gosta de agradar às pessoas, ou buscamos alívio do mundo ficando isolados, distantes e sozinhos? Nossa personalidade não foi criada por acidente, foi criada de modo a camuflar as partes que julgamos mais indesejáveis e a compensar o que consideramos nossas falhas mais profundas. O problema em viver dentro dessas máscaras é o que eventualmente nos faz perder de vista quem realmente somos e as possibilidades para nossa vida. Ao ignorar a escuridão, inconscientemente extinguimos nosso poder autêntico, nossa criatividade e nossos sonhos".

Dia de sabado...


Logo cedo o dia começou com “Alra” indo trabalhar. Faltavam cinco minutos para as sete horas e ela já estava chegando no trabalho quando deparou com uma cena estasiante: o sol subindo no horizonte era uma enorme bola alaranjada em meio a neblina branca do dia frio. Nunca ela via uma vista tão diferente combinando o clima gélido com a fonte de maior calor existente. Infelizmente ela não teve como passar mais tempo contemplando aquele cenário espetacular. De novidade, finalmente chegara seu usuário e senha para lidar com o programa de computador donde digitava os movimentos de atendimento do pronto socorro (até então ela estivera entrando com usuário de outros funcionários). Logicamente a manhã foi cansativa e chata como todas as já vivenciadas no setor do faturamento. Por outro lado, “Gardênia” continuava sendo satisfeita dia ou outro em sua vontade de estar com o visual diferenciado: a maquiagem completa contava com base, redutor de olheiras, lápis, sombra, rímel, blush, batom e gloss. Sem muito costume o rosto parecia pesar um quilo amais, entretanto, a beleza visível no espelho fazia valer a pena o esforço de usar tanta coisa. Na parte da tarde, “Dayse” aceitou a solicitação de “Pérolla” e trocou a frase do MSN e Orkut por: “...Ele é filho do sol, ele é neto da lua... Deu um clarão na encruzilhada e no clarão surgiu uma gargalhada. Não era o sol, não era a lua, o que brilhava era seu Tranca-Rua... Eu amei alguém, mas esse alguém já não ama ninguém. Eu amei o sol, eu amei a lua, na encruzilhada eu amei seu Tranca-Rua... O sino da igrejinha faz belem, blem, blom; Deu meia noite, o galo já cantou; Seu Tranca-Rua que é o dono da gira; Oi corre gira que Ogum mandou...” Sem maiores notícias diversificadas além da rotina de sempre, mais um dia se foi.

domingo, 8 de agosto de 2010

De olho no tarô...


Dando continuidade ao dia, “Carlotinha” seguiu com “Miguel” caminhando até a biblioteca donde trocaram os livros. No almoço fartamos de comer bobó de bacalhau com soja cozida e jurubeba: estava maravilhoso! Depois de “Alra” ter um dia puxado de trabalho, foi momento de “Pérolla” assumir o comando e consultar o tarô para mim. O oráculo disse que mudanças sérias podem ocorrer no meio familiar. Apesar das companhias do meio externo, o meu caminho se faz cada vez mais solitário e individual. Há uma presença masculina que pode trazer tanto benefício quanto malefício (eremita, enforcado, imperatriz, imperador, diabo e papisa). Há alegria voltada para o lado espiritual, o qual ainda permanece dúbio, porém em breve irá se estabelecer de forma mais concreta e definida, algo que será muito positivo (mago, sol, lua, namorado, carro, estrela e temperança). Haverá uma libertação inesperada que abrirá caminhos não cogitados. O destino trará o que já foi destinado. Desencadeamentos marcantes podem suceder a qualquer momento (roda da fortuna, papa, justiça, julgamento, mundo, torre e louco).
O trabalho, seja pessoal ou profissional se faz (e continuará sendo) solitário e próspero para o meu próprio crescimento individual. De tal modo, seguirá sem maiores novidades (eremita, mago e roda da fortuna na posição central). Há proteção e alegria nas tomadas de consciência e nos novos aprendizados que geralmente me despertam para algo diferenciado (enforcado, sol e papa na esquerda). O lado espiritual cobra sua atuação e realização. Isso cedo ou tarde virá a ocorrer para meu próprio equilíbrio e resgate espiritual (imperatriz, lua e justiça na direita). As cartas indicam, assim como na leitura anterior, a libertação de uma presença masculina que se encontra indecisa e perdida. Realmente não sei quem é esse sujeito e as cartas nada definiram a respeito dele, só disseram que seu caminho será definido de forma mais clara a partir de alguma decisão provinda pelo meu intermédio (imperador, namorado e julgamento na posição superior). Muitas conquistas fecharão e abrirão os ciclos vindouros (diabo, carro e mundo na posição inferior). Um fato imprevisto ocorrerá na vida de “Graúda”. O mesmo renovará suas esperanças, ou então, surgirá provindo de tais esperanças (papisa, estrela e torre na extrema direita). É preciso cautela e estrutura emocional, pois algumas mudanças ocorrerão de forma um tanto radicais. Entretanto, por mais complexo que seja, tudo tende a passar com tranquilidade e seguirei adiante desbravando meus caminhos (morte, temperança e louco na posição inferior direita). Sem mais, assim dei o dia por encerrado.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

“Ane” pede senso de tranquilidade para “Alra”


Acordei com uma deliciosa sensação de aconchego e bem-estar que ainda não sei definir de onde surgiu. Minha equipe está cumprindo cada um os seus afazeres. Apesar de lutar contra o sono e o cansaço da rotina de ter que acordar cedo a um certo contra-gosto, “Carlotinha” tomou seu café da manhã e iniciou sua ginástica costumeira. Finalmente haviam iniciado a tão falada construção no terreno vago ao lado de sua casa e o barulho e a poeira estavam bastante desagradáveis. Logo em sequência “Eugênia” aceitou que “Mateus” lhe ajudasse a lavar algumas roupas e logo chegou o horário de almoço. Depois disso “Alra” tomou sua posição indo trabalhar. Já eram quase cinco horas da tarde quando as ligações acalmaram e ela entrou em imaginação ativa. “Alra” foi conduzida até a sombra de uma enorme mangueira donde “Ane” sozinha brincava com sua boneca. Claro que “Ane” não se julgava sozinha, pois seu mundo imaginário era muito vasto e sua criatividade não lhe deixava sentir-se a sós. Eis a conversa entre as duas que registrei na ata com o título “Ane” pede senso de tranquilidade para “Alra”):
“___ Senti você me chamar. Tem algo a me dizer? - perguntou 'Alra' iniciando o diálogo.
___ Você está dando muita seriedade a vida, precisa despreocupar-se um pouco. Precisa relaxar, desconcentrar, liberar as tensões. Você coloca muito peso sobre o ombro e isso lhe cansa muito. Desacelera, liberta-se do senso de super responsabilidade e autocontrole. Deixe de ficar o tempo todo analisando alguma coisa detalhadamente, pois isso é esgotante. Quero que você tenha tempo e disposição para estar alegre, animada, leve, de bom-humor, descontraída. Por mais que aparente ser serena, quero que você encontre uma serenidade que de certa forma nunca teve. Essa serenidade não está apenas na confiança da fé religiosa ou na segurança pessoal, mas na tranquilidade de não se importar com o mundo, com as outras pessoas, com os detalhes ridículos de fatos que você tanto tenta controlar. Quero viver brincando, mas você está me atrapalhando. Quero sentir-me leve e você me deixa sobrecarregada, muito mesmo, a ponto de minha alegria exaurir. Quero que você brinque de viver, não para fazer as coisas sem comprometimento, mas para agir de modo mais natural e tranquilo, mais espontâneo e divertido. Quero que você chegue ao final do dia sem tanto cansaço para me dar a chance de continuar interagindo internamente contigo, para continuar sorrindo através de você. Quero lhe deixar motivada a estar de bem com a vida.
___ Entendo seu pedido e lhe dou razão, mas preciso da sua ajuda.
___ Resgate-me dentro de você, eu quero viver ativa na sua vida. Você precisa de mim e eu de você.
___ Vou me esforçar para ficar mais serena e relaxada perante as atividades diárias. Você me ajuda?
___ Sim, conte comigo, estou aqui para isso.
___ Então me dê um abraço.
___ Nós vamos ficar bem – 'Ane' finalizou com um generoso sorriso.”
Depois disso ambas se despediram e “Alra” retornou para seu ambiente de trabalho. Somente ao final do expediente é que ela conseguiu tempo para assinar seu demonstrativo de pagamento de salário, o qual fora direto para a conta corrente em depósito feito há quatro dias atrás. Consequente a isso ela ligou para o banco pedindo que liberassem seu cadastro a fim de poder manusear na conta através da internet. De resto, ao final do dia eu e “Miguel” trocamos nossa frase do MSN e Orkut por: “Estou aprendendo a enquadrar-me dentro de uma grande contradição, talvez um dos mais difíceis paradoxos a ser entendido na prática: quanto menos me importo em ser aceita ou admirada, mais me sinto respeitada e amada. Interessante que só consigo vivenciar isso quando me disponho a sentir prazer mais conciso e imediato através dos pequenos fatos e quando forço a tornar menos consciente o meu apreço pelos outros, pois isso naturalmente diminuir o desejo de retorno.” Eis a verdade que findou mais um dia.

domingo, 1 de agosto de 2010

Eu e mais algumas de mim...

Inicialmente cabe um esclarecimento de que estou deixando a nomenclatura “Alra” para ser usada apenas pela parte de mim que assim se configura. Serie a Carla: líder, personagem, narradora e observadora. Junto aos fatos e vivências externas estarei compartilhando a busca de harmonia e crescimento pessoal-global com minha equipe interna de treze sub-personalidades e uma assistente influenciadora, os quais foram detectados em primeira instância. Entretanto, a equipe ainda não estava completa e assim como supus, estou configurando os demais arquétipos na medida em que surge necessidade ou de acordo com a identificação dos mesmos através dos sonhos. Nesse momento acrescento mais quatro “personagens” internos e relembro um antigo:
14 - “Bebadino”: é irmão e animus de “Ane”. É um menino adorável, sapeca, desconfiado e angelical.
15 - “Zúlion”: é o companheiro e animus de “Ágape”. Ainda sei pouco sobre ele.
16 - “Merly”: é minha irmã, geralmente faz papel de chata e brava por sentir-se responsável pelo meu crescimento pessoal. É companheira e anima de “Maori”.
17 - “Eugênio”: companheiro e animus de “Eugênia”. É um pai dedicado, homem de grande sabedoria, que valoriza os sacrifícios e gosta de gatos por identificar-se com a personalidade dos felinos.
18 - “Pajib”: Supremo criador e zelador do todo existente. É o soberano Pai de Amor, Justiça, Inteligência e Bondade.

domingo, 25 de julho de 2010

Por vezes... tudo dói!



Por volta de umas sete horas da noite “Alra” não segurou e colocou para fora todos os sentimentos estranhos que vinham lhe dominando, em verdade, desde o início do dia anterior (ou até mesmo acumulado de bem antes). Milhares de sensações negativas e contraditórias pulsavam em sua mente. Ela sentia-se profundamente insignificante e muito cansada em todos os aspectos. Em momentos de crise emocional ela podia jurar para si mesma o seu desejo imenso de deixar de existir e não fazer parte mais da criação divina. Claro que junto a isso vinha a enorme culpa pelos próprios desejos e sentimentos despropositados e fora de qualquer lógica. Mas como encontrar razão para aquilo que vai no coração? Depois de chorar por mais de duas horas sem parar e sem conseguir se alimentar, “Alra” tentou dormir e foi com custo que conseguiu. Embora não tenha tido um sono pesado, dormiu as doze horas seguintes e acordou com os olhos super inchados e ainda com uma sensação prevalecente de grande dor emocional. “Ameth” houvera lhe aconselhado a desfocar os pensamentos de si mesma mediante situações das quais se sentisse constrangida. Ela precisava quebrar o vínculo com a sensação angustiante provinda de seu auto-preconceito. “Alra” via com maus olhos a sua postura, mas não estava disposta a mudar seu jeito de ser, pelo contrário, ela queria apenas aceitar-se plenamente para ter paz consigo mesma sem ter que tentar disfarçar para seu próprio Eu os sentimentos conturbadores que reinavam em si. Mudar a visão que tinha de sua postura seria sair de um extremo e cair em outro, ou seja, praticamente impossível. O jeito, portanto, era tirar o pensamento da excessiva análise pessoal, ou seja, da própria postura mediante o meio social e o mundo externo dos relacionamentos humanos. Isso seria um trabalho diário e árduo, mas sumamente importante para seu bem-estar natural.

sábado, 24 de julho de 2010

O mal do auto-preconceito....


“Alra” levantou cedo e sete horas estava entrando no trabalho. Ela ficou no faturamento fazendo o serviço cansativo e já conhecido até as nove horas, momento em que foi para a reunião junto do pessoal. A reunião tratou de diversos assuntos sobre todos os setores, mas nada referente ao PABX. De toda forma, estar numa reunião era melhor do que ficar no faturamento e, ademais, era bom para ela tomar conhecimento das demais áreas de atendimento da unidade. A reunião acabou uma hora antes do final do expediente e “Alra” foi informada de que poderia sair e depois fazer uma ocorrência. Isso já não foi muito do seu agrado, mas uma vez tendo escutado isso da coordenadora, não teve como (e nem teria fundamento óbvio) dizer que ia ficar lá dentro atoa só para esperar dar o horário certo. Uma vez na saída foi convidada para ir numa sorveteria a dois quarteirões de distância e, sem jeito de não aceitar, lá foi ela desinteressadamente tomar sorvete com a turma. “Alra” relatou-me estar numa crise de auto-preconceito. Ela se sentia constrangida e desconfortada perto das demais pessoas, pois estas estavam sempre dialogando e “Alra” não sentia vontade de conversar com ninguém a respeito de qualquer coisa que fosse, a menos que o assunto tivesse real importância. Ela sentia preconceito de si mesma por ser introvertida, mas obviamente não queria deixar de ser assim (e nem conseguiria se quisesse). Sua situação era como a de um negro com racismo que não aceita a cor da própria pele, como um pobre que despreza a pobreza, como um obeso que abomina o excesso de peso ou como um paraplégico que se sente o maior doente do mundo. Ser introvertida para “Alra” era sinônimo de muitos aspectos negativos dos quais ela não julgava possuir: como ser tímida, orgulhosa, individualista, anormal, etc.
No fundo ela amava ser introvertida, mas no meio de pessoas puramente extrovertidas ela não conseguia sentir-se à vontade, natural, tranquila ou bem disposta ao que quer que fosse. Trabalhar no PABX era ótimo exatamente por lhe conceder o mérito do mínimo contato pessoal com os demais funcionários, mesmo que durante o momento de lanche ela tivesse que passar sua agonia extrema de ficar no meio de um bando de gente. Ela sempre ficava esperando um burburinho menor para ir até o refeitório, mas obviamente sempre encontrava com uns e outros por lá e isso lhe era péssimo. Ela cumprimentava e engolia o pão velozmente para retornar logo para sua sala isolada. Estar no meio dos outros fazia ela sentir-se muito mal com relação ao seu próprio auto-preconceito, a visão de si mesma enquanto uma pessoa indisposta ao contato humano, à intimidade, a comunicação e ao afeto expresso. Ela não fugia do contato humano, mas o detestava profundamente. Ela se amava enquanto introspectiva, mas no meio dos extrovertidos se sentia tão desconfortável que todo seu ser entrava em um choque fóbico. Lidar com isso não estava sendo-lhe nada fácil. Uma vez tendo a tarde livre, “Alra” aproveitou o tempo conforme pode e meditou bastante sobre si mesma e seus conceitos arraigados de auto-perfeccionismo e auto-senso crítico. A vida continuava lhe cobrando uma postura liberta e flexível mediante o próprio jeito de ser. Sua luta não estava sendo pequena.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

É a vida!

Olá....
Hoje meu dia de serviço foi super estressante. Fiz uma infinitude de ligações e o telefone não deu um segundo de sossego. Ainda assim ficaram muitas ligações pendentes para amanhã. Foi com alivio que cheguei em casa, fiz uma limpeza de pele com açúcar (esfoliação) e mel (hidratação), jantei e pude relaxar um pouco do dia agitado. Como se não bastasse o 'Jopi' me ligou. Ele só quer saber de me levar para comer pastelzinho, já que não impus limitação para isso, ou talvez me levar para dançar no Chamego, já que sair para dançar eu aceito facilmente e, em segunda instância, lá é o único lugar pouco frequentado que falta mulher para dançar com ele. Lidar com homem em certas circunstâncias é, no mínimo, lidar com desaforo. Mas tudo bem, não coloco fé de que ele realmente vá me levar para parte alguma e, além do mais, tenho pouquíssimo interesse, ainda mais agora que ando chegando bastante cansada em casa. A 'Yllaria' também já marcou por duas vezes (pela internet) de sairmos para dançar e de ultima hora ela não me liga e fico a esperar por nada. Com tudo isso vou aprendendo a fortalecer-me comigo mesma, pois preciso muitíssimo deixar de lado as intempéries, os desejos irrealizados, os homens deselegantes, os desprezamentos recebidos e as fragilidades pessoais. Preciso ser estável sentimentalmente sem preocupar, irritar ou entristecer-me por conta desses típicos infortúnios da vida.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

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sexta-feira, 16 de julho de 2010


“Olá para todos! Depois de fazer minha ginástica logo cedo, enxaguei algumas roupas, lavei a área dos fundos, varri o quintal, remexi nas plantas e ainda tive tempo para preparar (macerar) um banho caprichado de guiné, samambaia, rosa e brilhantina. Pouco antes de sair para o trabalho troquei a frase do MSN e Orkut por: '...Cada um sabe a alegria; E a dor que traz no coração...' Quanto ao cargo de telefonista, o dia foi bastante tranquilo: normal para uma sexta-feira. Disse para coordenadora do faturamento que ela pode me informar sobre qualquer reclamação à meu respeito. Ademais, hoje a pediatra Andreia foi pela segunda vez na minha sala levar uma lista de pacientes remarcados para eu avisá-los da mudança de data. Ela viu-me com o livro aberto em mãos e minha reação de interromper a leitura para dar-lhe atenção foi normal, sem àquela apreensão e auto-repressão que me fez outrora mascarar a situação real e esconder o livro embaixo da mesa. Mudar de postura é difícil, mas estou travando minhas auto-batalhas. Estou ciente de que não estou fazendo nada errado ou prejudicial a mim mesma. Sei das minhas responsabilidades e qualidades, portanto, não vou esconder o que penso e sou por conta de minha postura excessivamente crítica e ultra-moralista, muito menos por causa de uma insegurança provinda do meio externo. Quero aprender de uma vez por todas que o medo é uma arma voltada contra mim mesma. Posso ser cautelosa, mas insegura e medrosa eu não me aceito ser mais. Agora é assim: eu só pago o preço da verdade, da prudencia e da ousadia, o resto eu dispenso na força bruta. Independente do meu esforço ter valor, será a minha autenticidade a prova da vitória obtida. Enfrentar medo com covardia é recuo disfarçado, não adianta, é auto-enganação. É por isso que estou de face erguida assumindo-me um pouco mais a cada dia e situação. Veremos os próximos desafios ou acontecimentos em breve... Muita luz e paz a todos!”

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Me auto-enfrentando...

Olá para todos! Hoje meu dia de trabalho foi tranquilo e isso é ótimo! Geralmente o começo da semana tão tumultuado sempre contrasta com as quintas e sextas-feiras que são mais amenas. Dias atrás eu estava lendo um livro lá dentro quando entrou um mulher do setor do serviço social para fazer algumas ligações junto de um enfermeiro (ou médico, não sei ao certo). Nisso tanto ela quanto ele comentaram sobre o livro, mas eu não dei importância ao fato. Depois disso minha mãe encheu minha cabeça de receios e disse que não era para eu deixar ninguém me ver lendo por lá, pois poderiam pensar que estou deixando o serviço de lado para ler. Daí eu fiquei insegura e andei lendo cheia de tensão: a qualquer barulho eu colocava o livro logo debaixo da mesa e duas pessoas me viram escondendo 'algo'. Um delas fez um comentário perguntando o que eu estava comendo, mas sem graça eu ri e desconversei como se nada houvesse acontecido. Claro que isso gera em mim um desconforto insuportável, pois eu sei do meu trabalho e jamais deixaria de executá-lo para ler, mas também não quero ficar completamente atoa nos momentos em que o telefone está quieto e não tenho nenhuma ligação para fazer. A atendente do turno da manhã também lê nos momentos mais calmos e várias vezes já cheguei e sem nenhum problema encontrei-a lendo. Obviamente que ter chance de ler é difícil dentro daquela salinha, mas por vezes quase milagrosamente acontece. Depois do pânico de 'mascarar' minha leitura, percebi que estava agindo feito idiota, pois se a mesma não vai atrapalhar nem diminuir a qualidade do meu serviço prestado, não há razão de levar adiante a insegurança provinda de minha mãe. Hoje mesmo eu mudei de postura e já estou lendo com o livro sobre a mesa. Tenho a consciência tranquila de que estou cumprindo com a execução profissional que me é devida e não preciso ficar com medo de aproveitar ainda mais o tempo com uma leitura de vez em quando. Se isso me for prejudicial, ao menos eu sentirei-me vitoriosa por ter sido fiel ao que sou, por não ter ficado tensa fazendo papel de tola tendo a cada barulho que esconder o livro debaixo da mesa...

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Importante: Na liderança...


“Nunca pensei que fosse ser líder de alguma coisa nessa vida, mas aconteceu e estou na liderança. Eis a hierarquia de poder da minha equipe:

'Pérolla', 'Miguel', 'Carlotinha', 'Ameth', 'Alra', 'Ágape', 'Virgínia', 'Eugênia', 'Maori Orima II', 'Ane', 'Mateus' e 'Gardênia'.

Por vezes a competição me faz mudar momentaneamente essa ordem. Sou flexível e pacífica para suportar o insuportável, mas briga eu dificilmente aguento ou permito, prefiro compreender, aceitar as opiniões divergentes e propor acordo para não validar uma discussão. 'Raombra' não entra na classificação, ela é uma espécie de influenciadora/assistente semi-oculta. Por enquanto assim estou eu com minha equipe...”

terça-feira, 6 de julho de 2010

Quem sou na posse de minha sombra?

Para acrescentar o assunto sobre minhas personalidades internas, as quais foram descritas em postagens anteriores, também defini meu lado sombra. Confira em: http://desinibidaysegura-escritorasou.blogspot.com/2010/07/raombra.html

He: a chave do entendimento da psicologia masculina

“Olá para todos! Acabei de ler um livro chamado Hei. O autor diz que um mito está para a humanidade em geral, assim como o sonho está para o indivíduo. O sonho mostra a alguém uma verdade psicológica importante sobre si próprio. O mito, em contrapartida, mostra uma verdade psicológica importante que se aplica a toda a humanidade. Cita-se o mito do rei Fisher King que morava no Castelo do Graal e que foi ferido na adolescência (o livro relata os detalhes da história). Suas feridas foram tão graves que o impediam de viver; e, por outro lado, ele nem sequer conseguia morrer. Isso simboliza o poder masculino através da virilidade, representa o objetivo ainda por alcançar e não suportado que desestrutura o homem. O rei é carregado numa liteira por onde quer que o rei vá, gemendo, gritando, sempre agoniado.

O único momento em que se sente feliz é quando está pescando, mas isso não deve ser entendido literalmente; pois não é indo pescar que um homem se cura. A pesca em si (enquanto figurativa) é apenas um símbolo para o trabalho com o inconsciente, lutando para tornar consciente o processo de individualização que foi interrompido no início de sua adolescência. O Fisher King governava o Castelo do Graal, onde o Santo Graal (cálice da ultima ceia cristã) era guardado. Mas a história nos conta que o rei não pode tocá-lo por causa dos seus ferimentos, nem pode ser alimentado por ele. O fato de ter todas as coisas que o poderiam fazer um homem feliz não adiantavam, porque elas não cicatrizavam as feridas dele e seu sofrimento era justamente pela sua incapacidade de tocar as coisas boas, a felicidade que tinha ao seu alcance. No mito, é o bobo da corte quem pode curar Fisher King, e isso nos mostra que é a parte ingênua do homem que vai curá-lo.

Se um homem pretende curar-se, deverá reencontrar algo dentro de si que tenha a mesma idade e mentalidade que tinha na época em que foi ferido.
Outra história fala sobre Parsifal, o qual matou o cavalheiro Red Knight, atingindo-o através de um dos olhos. Na versão francesa essa foi a única morte em todo o mito. Parsifal derrotou dúzias de cavalheiros no decorrer da história, mas somente matou o Red Knight. A vitória sobre este pode ser conseguida internamente, externamente, ou em ambas as dimensões. De qualquer forma, o Red representa o estofo viril, forte e masculino de que tanto necessita qualquer garoto. Se o Red for morto externamente, então o rapaz adquire a virilidade masculina, por superar um grande adversário. Tal vitória pode consistir em vencer algum tipo de competição, chegar em primeiro lugar superando oponentes ou desafiando alguém. É a feroz competição da adolescência e da masculinidade em geral. Quase todo rapaz tem de competir e ganhar de alguém. Vitórias não existem sem derrotas, o que significa que também ele terá de perder algumas vezes. Se um homem não tomar cuidado, poderá passar o resto da vida se comportando como um Red. Mas há também uma dimensão interior nessa disputa.

Para se tornar homem, o menino precisa dominar sua própria agressividade; precisa até mesmo saber como ser agressivo, uma vez que é necessário sê-lo, mas numa forma controlada, para que a agressividade esteja à sua disposição consciente. Deixar-se vencer pela ira e violência não é bom sinal; sua masculinidade ainda não está formada. Psicologicamente, terá sido, assim, derrotado dentro, no interior, pelo seu Red. Seu ego jaz prostrado; o Red interior venceu, emergindo como um ferrabrás terrível, de gênio violento, agindo como um vândalo e até mesmo assumindo condutas criminosas.

Assim, todo menino, no seu processo para tornar-se adulto, tem de aprender como dominar seu lado violento e integrar em sua personalidade consciente, essa terrível tendência masculina que leva o homem à agressão. Visto por esse ângulo, o Red é o lado sombrio da masculinidade, o negativo, o lado potencialmente destrutivo.
Continuando a história, Parsifal chegou ao castelo de Blanche Fleur, uma jovem desesperada. Ela foi a principal donzela do mito. Tudo o que Parsifal fez depois disso foi por causa dela. Blanche pareceu ser a mulher mais inconvincente que se possa imaginar, mas é preciso lembrar que não é uma mulher externa de carne e osso.

Figurativamente essa jovem é uma parte da estrutura íntima de Parsifal, ou seja, sua mulher interior. Se fosse uma mulher externa, por certo teria sido dispensada. Um menino em processo de crescimento vai brigar com todos os membros de sua família, para deles se libertar, e muitas vezes pode projetá-los psicologicamente em outras pessoas. As leis da psique, as que regem a parte interior, são muito próprias, e frequentemente diferentes das externas. A questão de como um homem tratar a mulher interior, e principalmente como diferenciá-la da externa de carne e osso, é a parte mais importante do mito. Parsifal é instruído a lidar com Blanche, isto é, sua anima, usando seu sentido nobre, útil e criativo, e não valendo-se da sedução, que é destrutiva, pois é uma forma de possessão.

Quando é dito que não se deve seduzir a donzela interior, isso significa que o homem não deve procurar humores bons, euforias, pois isso significaria violentar o lado feminino. Deve-se procurar realização pessoal, mas não euforias. A anima se apodera de coisas muito pouco práticas e o faz por puro impulso. Já velho, Goethe chegou à incrível observação de que a meta do homem é servir à mulher porque aí ela o servirá.

Referia-se à mulher interior à musa, que é portadora da beleza, da inspiração, da delicadeza, de todo o lado feminino da vida. É bonito, um servir ao outro. Parsifal entendeu isso e manteve o relacionamento adequado com Blanche: não seduziu e não se deixou seduzir. Foi fortalecido por ela, devotado a ela servindo-a e estando sempre por perto.
A pior das brigas entre um casal ocorre quando o lado feminino do homem se debate contra o lado masculino da mulher, porque ambos estão inteiramente tomados. Mas não precisaria acontecer isso se a mulher se advertisse de que não é por sua culpa que o homem está num estado ruim. Os humores do homem são problema dele, e se ela simplesmente ficar de lado por algum tempo e parar de se sentir culpada, ele poderá sair desse estado.

Há, no entanto, um ponto de genialidade que a mulher pode trazer à tona, se for capaz e se realmente quiser: é ela tornar-se mais feminina do que o humor que o está atacando. Aí ela poderá tirá-lo desse estado. Mas é muito, muito difícil para uma mulher fazer isso, porque sua reação automática é deixar sair a espada do animus e começar a desferir golpes. Se, ao invés, ela souber usar de paciência para com ele, e deixar de ser tão crítica, se representar para o homem a verdadeira virtude feminina, aí sim conseguirá ajudá-lo. Para isso precisará de uma feminilidade amadurecida, forte o suficiente para enfrentar a feminilidade espúria que o homem está criando naquele instante. Uma coisa é certa, ele projetará tudo nela e estará convencido de que a mulher é uma bruxa; e, mais, que seu mau humor é culpa dela. Faz parte da natureza da anima e do animus, na sua forma primitiva, viver de projeções.

A maioria de nós se encontra nesse estado de primitivismo interno, mas se um homem tem um bom relacionamento com a sua mulher interior, também se dará bem com a exterior. Muitas mulheres são donas dos seus sentimentos como muitos poucos homens podem ser, e muito problema surge porque elas presumem que eles tenham o mesmo tipo de controle que elas. Quando ele estiver se tornando presa dos humores, a mulher deverá abster-se de qualquer julgamento ou crítica, naquele momento, se possível.

Esperar todo esse tempo é duro para uma mulher, claro, mas se ela se lembrar de que o tal humor é basicamente problema dele e não culpa sua, poderá encontrar sabedoria para esperar pelo momento mais apropriado e para descobrir o que causou os problemas.
O livro explica que o nascimento de Cristo pode dar-se também em nós, se nossa alma interagir com Deus; e, quando acontece, é tão miraculoso ou inacreditável quanto o nascimento virginal. Se ficarmos presos à dúvida histórica, no sentido literal do nascimento de Jesus, nunca chegaremos ao significado intimo de sua verdade profunda. Muito do Cristianismo é resumido por leis que são dirigidas à parte mais íntima dos seres e que devem ser entendidas em forma de parábola, pois não foram feitas para a conduta exterior. Poucas pessoas, entretanto, dão-se conta desta diferenciação. Se confundirmos essas leis – internas e externas – teremos um problema. Se um homem tratar a mulher externa de acordo com as leis que são apropriadas à sua feminilidade interior, à sua anima, acontecerá um caos.

Quando o homem começou a sentir a complexidade da anima e o perigo que ela representava para ele, mas sem entender que esse perigo provinha do próprio interior, iniciou-se a caça às bruxas. Em vez de dominar o interior feminino, que é perigoso, ele optou por queimar algumas criaturas que estavam se comportando fora dos padrões. É raro o homem que conheça bastante sobre seu componente interior feminino, sua anima, ou que tenha um relacionamento satisfatório com ela. O homem só tem duas alternativas: ou ele rejeita seu lado feminino, que então se voltará contra ele em forma de maus humores e seduções insidiosas, ou ele aceita tal lado e se relaciona bem com sua parte anima.

O relacionamento do homem com a sua anima expressa-se em sua fisionomia. É só andar nas ruas e observar os transeuntes para ver como se dão com ela. Um indivíduo sem nenhum contato com seu lado feminino torna-se duro, inflexível, amargo, e se sentirá corroído por dentro.
Esse lado feminino faz parte da vida e transmitirá força e entusiasmo ao homem. Alguns homens parecem ter um potencial muito grande de anima, o que significa que possuem mais do feminino dentro de si. Isso em si não é nem bom, nem mau. Se eles conseguirem fazer com que seu lado feminino se desenvolva bem, tornar-se-ão altamente criativos, sem que deixem de ser másculos por causa desse poderoso componente feminino interior. Nestes casos estão incluídos os artistas, videntes, os homens intuitivos e sensitivos, que têm muito valor cultural para qualquer sociedade. Mas se eles não puderem chegar a um acordo com a mulher interior, ela os atropelará e acabará, muito provavelmente, por destruí-los. Toda mulher rejeitada torna-se negativa, e essa mulher interior não é exceção.
Tudo aquilo que é rejeitado pela psique de alguém se torna hostil. Fama e adulação estão para a anima em um relacionamento inverso. Assim, quando o indivíduo alcança muito sucesso, frequentemente torna-se passível de ter problemas com sua anima. A expressão técnica que designa esta crise é melancolia de involução. O homem poderá aprender muito quando chega a este ponto. De fato, ele precisará aprender muito, se quiser vencer a depressão. Esta é a característica que estraga e destrói o homem por volta da meia-idade, quando, de repente, o sabor desaparece de todas as coisas.
Um dia o homem percebe que as manifestações no sentido da extroversão não foram úteis e não o levaram à resolução de seus conflitos. O aumento de sua fortuna, ou uma segunda esposa, ou ainda qualquer outra atividade exterior que ele persiga, nada o levará a solucionar seus conflitos pessoais consigo mesmo. Aí o homem volta-se para o ermitão interior, aquele que mora numa casinha na floresta, e é lá que ele vai buscar a força ou o poder de que tanto necessita. O eremita é a representação do lado introvertido da herança masculina. O caminho do ermitão não apresenta contrastes violentos como o do Red que permite ao menino ganhar força e brandir a espada.

Além disso, enquanto ermitão, o menino não perde o Castelo do Graal de modo ruinoso e total como aconteceu com Parsifal ao não fazer a pergunta recomendada por Gournamond (A quem serve o Graal?). De qualquer maneira, ser ermitão é uma forma rara de procedimento, ainda que não seja incomum pais do tipo Red terem filhos do tipo ermitões. Um filho assim terá um caminho diferente. Todos somos em parte eremitas e todos, de vez em quando, montamos nossos cavalos de batalha e partimos num grande arroubo. Portanto, é mais próximo da realidade dizer-se que cada homem tem dentro de si ambos os elementos, e a ambos é sábio cultivar.
O Castelo do Graal não existe fisicamente, pois é uma realidade interna, uma experiência da alma. Fica melhor descrito como nível de consciência. O Castelo é uma sensação que aparece num determinado estado de consciência. É imagem poética, visão mística, não existe no que se chama comumente de realidade. Um garoto acorda com algo novo dentro de si, um poder, uma percepção, uma força, uma visão: é o Castelo do Graal. É incapaz de descrevê-lo, de permanecer nele, mas, a partir dessa experiência, ele não será mais o mesmo.

O Castelo do Graal é como todas as coisas que são reprimidas no inconsciente. Longe de nos livrarmos delas, descobrimos que estão em toda parte, atrás de todas as árvore, de todas as portas, olhando-nos por detrás de todas as pessoas que encontramos. Uma menina nunca sai do Castelo do Graal. Um ponto que precisa ficar compreendido é que as mulheres têm naturalmente a noção de beleza, de que são integradas ao meio; elas estão sempre à vontade, em qualquer parte do universo, e isso não acontece com o homem. Muitos homens tentam fazer com que uma mulher externa preencha sua solidão, ou seja, tenta transformá-la no Graal. É pedir que uma coisa externa venha preencher uma necessidade interna, mas isso não dá certo, por que o exterior nem sempre é compatível com o interior e a mulher externa não pode ser aquilo que não é.
Números, na mitologia e nos sonhos, são frequentemente bastante elucidativos. Algumas vezes, quando alguém se depara com um dilema insolúvel, precisa reduzir um pouco sua consciência para poder retornar à ação. Se conseguir ir adiante, ascender ao próximo número, isso, claro, será a melhor solução. Caso contrário, precisará regredir um pouco para poder libertar-se e voltar a agir. O dois é ruim porque fica-se preso na dualidade; o um e o quatro são fáceis de trabalhar. Assim, o dois e o três são difíceis, instáveis, incompletos, mas são estágios necessários pelos quais devemos passar.

Portanto, todo respeito para com eles; mas não é preciso demorar-se neles. Jung sugere, muito apropriadamente, que o dogma católico de 1950 sobre a assunção da Virgem Maria em corpo e alma para o céu é uma afirmação dogmática da quaternidade. Maria, em corpo, vive em majestade nos céus. Tomando ao pé da letra é um absurdo; mas, visto psicologicamente, é muito importante porque é a inclusão de um elemento terrestre, feminino, na Trindade Celestial, formando assim a plenitude, a totalidade.

Por fim, gostei e concordo com a definição do autor ao dizer que o objetivo da vida não é buscar a felicidade pessoal, mas sim ser útil ao plano de Deus. Todas as circunstancias da busca do Graal são para servir a Deus. Ao compreender isto e assim desprezar as pueris noções de que a finalidade da existência é apenas a felicidade pessoal, a pessoa vai encontrar a verdadeira e total felicidade. Quanto menos contente consigo próprio, mais um homem está descontente com os outros. Se formos úteis à nossa realidade, seremos, sem dúvida, felizes. Se, no entanto, vivermos apenas perseguindo a felicidade, somente conseguiremos que ela jamais apareça. Do livro é isso. Paz e luz a todos!”

Do livro é isso. Paz e luz a todos!”

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i JOHNSON, Robert A. He: A chave do entendimento da psicologia masculina. Trad.: Maria Helena de Oliveira Tricca. São Paulo: Mercuryo, 1987.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

E-mail enviado...


“Olá amiga! Obrigada pela sua admiração e por me ver como uma pessoa com auto-discernimento além do normal para a minha idade. Algumas vezes escutei pessoas dizendo isso ao meu respeito, mas se de um lado isso parece uma boa vantagem, por outro angulo há uma desvantagem: na vida prática pareço encolhida e talvez somente agora esteja saindo do 'ninho', da 'casca do ovo'. Ter compreensão sobre mim mesma e sobre a vida, ser disciplinada, responsável, determinada para o que quero, ter resignação, paciência e simplicidade, faz parte do meu jeito de ser e é muito benéfico, mas no reverso da moeda, em algumas pequeninas situações, me falta coragem, senso de iniciativa, de interesse, de capacidade, auto-segurança, enfim, o que move a pessoa a desbravar o mundo exterior com aventura e bom-senso. Descobri através de um livro que o desinteresse existente no ser humano (meu comodismo), muitas vezes é gerado como uma forma inconsciente de esconder a fragilidade que o indivíduo sente ao ter de lidar com determinados desejos ou necessidades pessoais. É difícil assumir isso, mas acho que boa parte do meu desinteresse pela vida profissional se deu exatamente por me julgar aquém das atividades do mercado de trabalho ou da postura humana que se deve desempenhar no meio social. Lidar com isso é doloroso, mas é uma superação muito gigante, principalmente para mim! Não vou dizer que estou feliz ou me sentindo realizada por estar iniciando um caminho profissional, mas garanto-te que estou me sentindo um pouco mais em paz com minha consciência perante o coletivo. Isso me faz muito bem, pois me confere senso de utilidade.
Tudo ainda está recente, mas já tive de readaptar meus horários. Hoje mesmo tive de acordar bem cedo para ir a biblioteca. Como vou e volto andando, já fico quite com a caminhada do dia. A tarde eu vou trabalhar e creio que não terei muitas novidades para relatar, pois enquanto telefonista a rotina é a mesma de sempre: atender telefone e fazer telefonemas. Falando a respeito do que lhe escrevi no e-mail anterior sobre as minhas personalidades internas, estarei nos próximos dias dividindo-me em treze (talvez deixe para o próximo mês) a fim de saber qual parte de mim me move numa direção (atitude) e noutra. Também tentarei identificar-me duplicada ou triplicada nos sonhos para saber quais são os meus conflitos internos mantidos de forma inconsciente. Cada uma das partes da gente puxa a 'sardinha' para si e precisamos harmonizar a situação para não termos sentimentos dúbios ou muito mutáveis. É preciso entender, compreender e saber lidar com as partes divergentes de nós mesmos. Aos poucos eu vou amadurecendo a ideia sobre como autoanalisar-me nesse sentido. De resto, para finalizar, envio-lhe essa frase que postei no meu Orkut e MSN: 'Se eu fosse má caráter eu poderia estar rica ou talvez já estivesse morta, mas eu preferi inúmeras vezes ser humilde, resignada, paciente e moralmente correta, talvez mais do que devia. Pago diariamente o preço do zelo da minha integridade e individualidade'. É isso, logo vos escrevo mais. Um super abraço e até outra hora”.

sábado, 3 de julho de 2010

Eu e as muitas de mim...


“Olá! Você me escreveu que anda abatida do seu emocional. Pois proponho-lhe um pacto que fazia na época em que tinha aulas religiosas na escola Adventista. De hoje até o dia 7 rezarei por você e, assim que ler meu e-mail, fará o mesmo por mim durante uma semana. Essa troca de generosidade costuma fazer bem. Comigo está tudo nos conformes, mas algo me pegou de surpresa e ainda estou atrapalhada com um fato inesperado: um emprego com noventa dias de experimentação inicial divididas em duas etapas de quarenta e cinco dias. Por enquanto prefiro não detalhar nada, pois sinto que muita 'água está prestes a correr debaixo da minha ponte' e tudo pode acontecer. Por melhor que seja, preciso sim de muitas preces e é por isso que estou lhe propondo esse acordo de uma pedir bênçãos a outra. Estou numa situação que todo tanto de prece me parece pouco, pois interiormente me sinto pequena perante o que a vida me oferece, mas sobretudo estou confiante, pois sei que tenho força espiritual para enfrentar o que tiver de ser.
Mudando de assunto, resgatei refiz a descrição das minhas personalidades interiores já anotada no dia 11 de setembro do ano anterior. Eis os arquétipos que realmente julgo fazerem parte de mim mesma:
1 – 'Gardênia': ela é uma eterna jovem dançarina que parece ser até profissional. Ela dança com suavidade e gosta muito disso, pois a faz sentir-se mais social, feminina, alegre, cheia de luz. Infelizmente ela só pode sair para dançar quando arruma carona, o que não é tão fácil. Quando não dá ela dança em casa mesmo, se solta na frente do espelho e ri de si despreocupadamente como se houvesse um grande público atônito a observá-la. Ela também queria ser pianista, mas acabou abrindo mão de tal desejo. Ela adora fazer perfumes, sente-se atraída por ambientes perfumados, místicos, com flores e arte. É atraente, contagiante, alegre, bem disposta, cheia de charme. Usa roupas que possam lhe dar mais poder sensual, sem vulgaridade, mas com uma ponta de libidinosidade. Se pudesse ela teria uma casa simples, levemente espaçosa, com jardins floridos, peças rústicas, cortinas, tapetes e almofadas com detalhes brilhosos e muitos quadros nas paredes para todos dizerem que sua casa parece um mini palácio exótico. Em seus anseios mais profundos ela seria uma madame daquelas que fica boa parte do dia tomando sol na beira de uma piscina enquanto bebe água-de-coco.
2 - 'Ane': é uma criançona travesa, lerda, mimada, ciumenta e que gosta de se fazer de carente para receber mimos e atenção. Tem um jeito tímido de conversar cantado, é muito sensível às críticas e chora com facilidade. Ela quer levar uma vida de princesinha, ter tudo nas mãos, somente brincar e se divertir. Ela não quer crescer jamais, não quer perder o colo dos que estão ao seu redor. Por vezes ela tem medo da vida, dos outros, de tudo e sente necessidade da proteção alheia. Ela é descontraída, gosta de falar bobagens sem sentido e se fazer de boba, pois se diverte muito com isso. Em alguns momentos ela sente necessidade ou vontade de mentir, mas desde algum tempo vem aprendendo que isso é feio e desnecessário. Ela gosta de dormir sem ter hora para acordar e ficar atoa contemplando a vida, analisando seus próprios pensamentos, fantasiando um monte de situações mágicas das quais gostaria de vivenciar. Quando atrapalham seus momentos de lazer ela se irrita e reclama sem parar.
3 - 'Ágape': tem jeito de vovó. Por vezes dá uma de massagista ou benzedeira, mas seu forte é trabalhos manuais. Ela ama distrair a mente fazendo tricô, crochê, desenhando, pintando, plantando (cuidando de suas plantas) ou qualquer coisa manual. É cheia de habilidades e faz sapatinhos de bebê para doar as mães carentes. É simples no vestir, usa qualquer tipo de roupa, é humilde e reservada. Não se importa com a aparência e prefere roupas confortáveis. Sua vida só está bem se o contato com o verde vivo for possível. Gosta de mato, fazenda, cheiro de curral, cavalgada, banhos de rio, cantado de pássaros, comida caseira de fogão de lenha, descansar num campo gramado, correr nas plantações de milho, colher flores, alimentar-se de coisas retiradas da horta e do pomar. É criativa e vê sempre o lado bom de tudo mantendo-se grata, mas também tem seus momentos de ser rabugenta, sistemática e intolerante.
4 - 'Maori Orima II': é um grande irmão. É meu primeiro animus. Não é um rabi e nem vive na Galileia como seu antecessor. Ele é um jovem carismático, simples, generoso e muito amigo que defende quem ama custe o que custar. É aberto para a vida, espontâneo, ativo, descontraído e alegre. Adora ser convidado para festas e bailes, pois é aproveitador e se delicia em comer e beber de graça. Ele gosta de surpreender, ser gentil e agradar, pois tem um coração imenso. Veste com trajes mais sociais e tem porte altivo, o que chama a atenção dos outros. Ele é seguro de si, pois sabe de suas potencialidades e talentos, não se subestimando com os defeitos que trabalha para extirpar de si. Ele prefere acolher a ter de aconselhar.
5 – 'Mateus Eduardo': sua atividade de lazer preferida é fotografar, mas seu trabalho é atender às pessoas. É meu segundo animus. É cauteloso e percebe tudo ‘no ar’. Ele se sente insuficiente para responsabilizar-se por um envolvimento mais profundo com as pessoas e prefere se distanciar das mesmas. Ele é inseguro mediante o mundo em si e por vezes chega a ser submisso à 'Virgínia', a qual o pressiona, o constrange e o rebaixa, torturando e sugando-lhe todas as energias.
6 - 'Alra': ela é uma mulher estudiosa dos sonhos que, se tivesse condições, faria psicologia analítica. Fascinada pelo poder de autotransformação causado pela análise dos próprios sonhos em sua vida, decidiu que nunca mais os deixaria de lado, pois é através deles que ela consegue harmonizar seus arquétipos, bem como dissolver os conteúdos autônomos indesejáveis. Além disso ela é uma profissional que trabalha mais para ser útil no mundo do que por dinheiro em si. Seu trabalho lhe confere liberdade, autonomia, independência e maturidade conquistada com fé, esforço e boa vontade.
7 - 'Eugênia': uma zelosa futura mãe, futura dedicada esposa e exímia dona de casa. Gosta de crianças e deseja ter seus filhos. Tem desejo em ser boa esposa e cumprir seu dever como dona de casa. É divertida, brincalhona, esperta e organizada. Gosta de tranqüilidade, é romântica, compreensiva, carinhosa, serena e otimista. Algumas vezes é preocupada, noutras tem vontade de colocar todo mundo no colo e passar a mão na cabeça doando consolo. De negativo ela carrega a vontade gigante de encontrar um príncipe encantado e de viver uma história de conto de fadas. Por vezes ela projeta os arquétipos masculinos (meus animus) nos homens, e isso a faz decepcionar-se com facilidade perante as posturas alheias. Além do mais, isso a faz ser mais sonhadora do que prática perante a vida e os relacionamentos.
8 - 'Pérolla': é uma religiosa eclética que vai em qualquer local religioso quando lhe dá vontade e reza o mais que consegue ou necessita. Sua força provém das companhias espirituais que acredita ter. Gosta de tudo simples e rústico. Gosta de executar a caridade e inclusive tem mediunidade em desenvolvimento. Gosta de estar sozinha, fazer longas caminhadas, meditar junto à natureza. É reservada, tímida, conformada, acomodada, econômica e pacata. Leva a vida com muita tranqüilidade e não gosta de se preocupar com nada, pois sua fé só lhe permite crer, agir com o coração e ser humilde e resignada. Se pudesse ela teria se tornado uma freira, ou então teria dedicado sua vida somente a trabalhos religiosos. Outro detalhe: ela não é cartomante, mas deita as cartas do tarô para si e vive desenvolvendo sua percepção estilo sexto sentido. Quando ela 'advinha' algo do futuro fica incrédula consigo mesma, admirando o fato de ter talentos místicos de verdade. Quando dá ela faz exercícios próprios para energizar os chakras.
9 – 'Carlotinha': é uma quase atleta. Com o passar dos anos ela descobriu um prazer inseparável: exercitar-se. Diariamente ela faz uma atividade física, seja corrida, caminha ou ginástica em casa. Quando encontra algum impedimento que alcança um mínimo de três dias, fica irritada e insuportável. Ela é atlética, cheia de energia. Exercitar fisicamente a faz sentir-se bem com o próprio corpo, tanto com relação a saúde quanto com a aparência. Ela leva isso muito a sério e para completar procura alimentar-se o mais saudável possível. Se lhe fosse possível, também praticaria natação, pois adora tal esporte.
10 – 'Vingínia': Uma jovem muito recatada, durona e puritana. Ela é extremamente caseira, não gosta de muitos envolvimentos e tem regras para tudo sendo bem rígida consigo mesma em seus padrões de comportamentos fixos. É introvertida e não gosta de ser importunada. Ela vive fazendo cobranças e exigências, pois se exige ser perfeita e faz o mesmo com todos. Parece uma general de quartel. Esse seu jeito transparece uma certa arrogância irritante, mas ela assim o é para o bem de todos. É intempestiva e na mesma hora em que está bem pode se zangar e fechar a cara, mas não é de guardar rancor de ninguém. Ela é uma pessoa de difícil convivência, mas que não abre mão do seu jeito de ser e são os outros que precisam ter jogo de cintura para lidar com ela e chegar num acordo favorável ou razoável. Por vezes ela me assusta, noutras nem eu gosto dela.
11 – 'Miguel': é escritor, pesquisador e leitor ávido. É meu terceiro animus. É conservador, mas também flexível e está sempre pronto para aprender algo novo. Gosta de cantar, assoviar e principalmente conversar consigo mesmo em voz alta quando está sozinho. É um pouco desleixado com sua aparência e bastante caseiro. Ela adora ler tudo que lhe traga um acréscimo moral ou cultural. É eficiente, perfeccionista, muito disciplinado e determinado. Exige tudo feito conforme as prioridades e com dedicação. É sério e concentrado. Gosta de dividir seus aprendizados através da escrita e utiliza a internet para trocar seus pontos de vista com as demais pessoas. Busca sempre a inovação e usa sua criatividade para tal. Mas ele tem seu defeito básico: quando está nervoso é um perigo, parece um bruxo malvado e acha que é o dono da razão.
12 – 'Ameth': um conselheiro espiritual cheio de sabedoria e serenidade. Ele é uma mistura de animus e anima. Zela de mim com muito gosto quando o procuro.
13 – 'Sândalo': É um aventureiro que adora viajar e se pudesse viveria disso. É meu quarto animus. Por vezes assume uma postura patriarcal, noutras parece um guerreiro selvagem. Ele gosta de novidades e só se sente bem disposto a alguma tarefa se houver algo diferente acontecendo ou lhe chamando a atenção. É distraído, largado no mundo da despreocupação. Muitas vezes é relapso e noutras, geralmente quando encontra a monotonia, é triste, sente cansaço e morbidez. Muitas vezes o encontro querendo morrer, falando um monte de tolices que fazem parte de sua baixa-estima. Daí tenho um trabalhão para contagiá-lo de força sem ser contaminada pela sua descrença tediosa.
É isso. Vou tratar de lidar com esse pessoal interno para fazê-los serem uma boa equipe para mim. Vou assumir a liderança de minha individualidade pura junto a cada um deles e buscar harmonizar quaisquer conflitos que tendam a perdurar perturbando a minha serenidade, meu potencial ou bem-estar”.

A maior verdade da vida...

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Revelando-me ao mundo!

Revelando-me ao mundo!
O DESAFIO DE LIDAR COM A 'PERSONA'...