“Olá para todos! Meu dia teve alguns afazeres básicos como ir com minha mãe a lotérica, ao supermercado, a casa de vovó e ao parque correr. E foi durante esta ultima atividade que recebi os conselhos (quase uma bronca) de 'Ameth'. Há dias que ele vem me pedindo constante paciência, resignação e confiança, mas embora pareça fácil (claro que não é), eu confesso que não estava bem. Desde que fui dançar fiquei com gostinho de quero mais e milhares de desejos, desde muito represados em nome dessa tal paciência, vieram à tona de uma só vez. Depois disso veio a questão espiritual e mais um monte de antigos planos aprisionados dentro de mim cutucaram meu coração. Sempre deixando minhas aspirações de lado para esperar os ensejos divinos conduzirem os fatos do meu destino. Sempre tendo de me contentar com o que tenho sem dever buscar nada além. Sempre tendo profunda fé para crer que o melhor se realiza sem necessidade de eu abalar-me por conta dos meus caprichos infantis e ignóbeis. Sempre tendo de dizer a mim mesma que “Pajib” conhece-me por inteira e que colherei o que é meu por direito. Entretanto, esse sempre também tem seus déficits. 'Ameth' disse que é para eu esquecer sonhos, desejos, anseios, vontades, enfim, qualquer coisa que signifique algo semelhante e que me faça ficar esperançosa, com expectativa, ansiosa e, junto a tudo isso, triste e descrente ao mesmo tempo. Ele disse que não é para eu esperar nada e nem se quer torcer por qualquer coisa, mas apenas estar em paz e feliz, pois não devo ser escrava das minhas necessidades e merecimentos. Tenho de continuar firme na velha lição de estar e ser feliz independente das tristezas que possam me abalar ou das alegrias que me fazem querer mais e mais êxitos. Não devo ficar presa as boas realizações para ser feliz, pois minha felicidade deve estar ligada ao Criador e não às oportunidades insignificantes de poder dançar, namorar, viajar, etc. Estou firme fazendo de tudo para seguir tal conselho e já me sinto ligeiramente melhor. Preciso continuar confiante e crendo que apenas o melhor virá, pois posso e devo ser feliz independente de conseguir realizar uma vontade aqui e um desejo dali. 'Ameth' me garante que a vida tem planos muito maiores para mim do que os simplórios desejos que cogito. Não é sábio de minha parte sofrer e permitir que a descrença e tristeza tomem conta de mim por falta de determinadas realizações, pois não são estas que me farão mais ou menos feliz, mas sim a minha auspiciosa vontade de estar com 'Pajib' e ser feliz.
É isso, vou remoer a lição: a pessoa sábia vive contente, seja qual for a situação em que esteja. Seja o que for que tenha, ela vive alegremente e agradecida. Sua alegria não é dependente de nada, de nenhuma outra causa. Sua alegria é baseada na compreensão interna de que jamais atingirá a felicidade a partir do externo, pois isso inicia-se nos desejo e termina nas lágrimas. Viver sem desejo é viver em contentamento, é viver sem nenhum anseio por mais. Então, tudo se torna mais do que suficiente. Ou vivemos com desejo ou com gratidão. O homem que vive em desejo não pode ser grato, ele pode somente reclamar e se desgostar. Ele sempre terá algum rancor contra a existência. Mas o homem que não tem nenhum desejo, tem somente gratidão. Até mesmo aquilo que lhe é dado, é mais do que sempre mereceu, pois assim dita sua humildade perante a existência.
Adiantando o assunto, quando foi nove e meia horas da noite a 'Yllaria' me ligou dizendo que ia ao tal local chamado Inácio's. Já ansiosa aguardando seu contato disse que ia também e assim o fiz quando ela passou aqui em casa uma hora depois. Pena que não gostei do local por vários motivos: primeiro que lá é pequeno, segundo que o ingresso custa o dobro dos demais locais, terceiro que havia uns casais dançando muito bem e isso provoca descontentamento em não ter meios de dançar no mesmo nível, quarto que eu estava vibrando de vontade de encontrar o Marcelo que não apareceu por lá e, quinto, eu continuava com uma super dor de garganta. Para piorar minha mãe está voltando as chatices de indiretamente dizer (só por eu estar indo dançar) que não tenho minha vida financeira independente, que ela está de idade, doente, isso e aquilo. É assim, se sou econômica e não faço gastos ela reclama, mas quando resolvo fazê-los apenas para aproveitar as boas oportunidades que o destino me concede, eis que ela vira um caos, passa a noite toda sem dormir (diz que não consegue dormir comigo fora de casa) e depois despica céus e terra comigo. Acabo ficando mais aborrecida do que feliz. É difícil não deixar-me abater. Eu nunca saio, mas quando dá e consigo, tenho de aguentar duras consequências que me fazem ficar muito focada em minhas negatividades e dilemas pessoais. Sinto falta de tanta, mas tanta coisa! Queria que tanta coisa fosse diferente! Mas não tenho melhor alternativa do que seguir os conselhos de 'Ameth': ter tolerância para com as situações das quais não posso mudar e força perante as que estão no meu controle de escolha e atitude. A vida é assim e exige esse 'jogo de cintura'. Em resumo: estou desanimada com as danças e esperançosa de que algo melhore através do terreiro da 'Neci'. Abraços, luzes e até depois”.