terça-feira, 23 de agosto de 2011
...Renovação...
domingo, 21 de agosto de 2011
Quem pode, pode!
domingo, 14 de agosto de 2011
Mais sonhos...
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Pão da vida...
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Eu sou o pão da vida!
Ao acordar fiquei imaginando o que esse sonho poderia significar. Tenho me preocupado em alimentar a Titica, até porque desconfio sim dela estar prenha. O resgate dos pães da lixeira pode ser uma indicação de recuperar a minha própria vida. Enquanto me alimentava de pão no desjejum veio-me em mente a fala de Jesus “eu sou o pão da vida” (João 6.35). Jesus se ofertou como um alimento de paz e amor para saciar a fome humana. Ele dispôs de sua própria vida para ensinar que a vida é muito mais do que suprir as necessidades físicas. Embora no contexto do sonho eu pensasse em levar os pães para dar a Titica, a polêmica me mostra que estou diante da escolha de resgatar do abandono da lixeira a esperança ainda incerta de uma vida de paz, amor e felicidade. Eu deixo claro que não quero um emprego, mas a gratuidade dos pães que saciarão a fome de uma gatinha prestes a dar a luz da vida.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
A roupa que importa...
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Sonho com borboleta e voo
Estava num labirinto e uma mulher encapuzada andava na minha frente. Eu não conseguia alcança-la quando tive a ideia de subir no muro e interditei-a com uma vara. Ela se transformou numa borboleta que começou a voar no meu entorno até que pousou na minha mão. Eu sentia aquilo como uma conquista, como um simbolo de realização de algo não explicito. Depois sonhei que voava e podia colher mexericas nos galhos mais altos das árvores, podia ir até o topo dos prédios e isso era ótimo. Eu mergulhava no ar e me deixava cair até quase no chão donde voltava a levantar voo. Eu estava fazendo um tratamento muito complicado com o auxílio familiar. Acho que era algo religioso. Houve um momento em que notei estar com minha maquiagem manchada. Meus olhos estavam super contornados de preto de forma que eu estava praticamente mascarada. Por fim lembro de conversar com uma jovem sobre um rapaz que fora para o exterior e, querendo ficar três meses, tivera de sair e ficar um dia fora do país no intervalo entre um mês e outro. De tal modo ele entrara e saíra três vezes.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
A diferença entre ser dissimulada e ser generosa...
Hoje me caiu a fixa sobre um aprendizado que no
mínimo é um dos maiores da minha vida. Ser falsa, dissimulada e submissa por
carência ou por precisar de outra pessoa e querer que ela goste da gente é algo
deprimente e irritável, mesmo sendo ótimo para o outro. Fazer isso nos leva a
sentir estar sendo usado pelo outro por culpa própria. O contrário disso é ser
verdadeiro, fiel ao que é, pensa e senti. A diferença está em ser flexível e
ceder de modo altruísta e aberto. Uma coisa é fingir que possui afinidade em
comum fazendo de conta que é igual ao outro; e outra coisa muito mais franca e
generosa é deixar claro que não é igual ao outro, que não pensa como a pessoa ou
não possui os mesmos gostos, mas que se sacrificará numa forma de pensar ou agir
diferente por consideração a um bom convívio, por precisar, querer agradar ou
realmente gostar da outra pessoa. Uma vez que somos todos interdependentes, o
segredo não é a dissimulação, mas sim a flexibilidade. Ser flexível sendo
dissimulado é desgastante, mas ser flexível sendo autêntico é recompensador.
Além do mais, é perceptível a diferença entre uma pessoa falsa e outra
solidária, sendo que esta segunda agrada muito mais. Como sempre disse, muitas
vezes a falsidade não é usada por mal, mas sim por ignorância. Sei que já li
isso outrora em algum livro, mas somente agora estou aprendendo sobre isso na
prática do meu cotidiano.
terça-feira, 3 de maio de 2011
O difícil divertido...
A volta da chácara foi engraçada: eu estava com uma camiseta enorme que era do meu cunhado (já disse outrora que adoro ganhar roupas usadas), uma calça de moletom curta batendo no tornozelo completamente cheia de picão, um tênis velho quase sem o solado, o cabelo preso num nó e um saco daqueles de cesta básica nas costas lotado de bananas. Mamãe do lado carregava um sacolão de mandioca, um queijo que compramos da vizinha e feijão que ela cozinhara na lenha. Sua calça azul empoeirada estava quase marrom e, os pés numa chinelinha básica, já haviam ficado pretos de sujeira. Parecíamos duas mendigas com muito orgulho da nossa singela simplicidade de roceira. Depois de tomar três ônibus como sempre, no horário de pico, finalmente chegamos em casa. Ir na chácara não é nada fácil, aliás, está aí uma coisa super difícil e, paradoxalmente, bastante divertida e prazerosa. Não sei até quando cultivaremos aquele pedaço de vinte mil metros de terra que tanto trabalho dá. Prefiro deixar o futuro nas mãos de Deus, pois o destino em si parece até ter se esquecido de mim. Eu vou levando a vida da maneira como dá e rindo o quanto posso, pois em verdade esse é o melhor que consigo fazer. Bem, esse foi meu dia.
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Sonho lúcido... mais um!
Esta noite tive um sonho lúcido. Era como se eu estivesse assistindo um filme projetado na parte interior das minhas pálpebras. Infelizmente não lembro direito do sonho, mas sei que houve uma hora em que rodopiei e girei a cabeça para prolongar a lucidez e isso teve efeito. No pouco que lembro eu estava dentro de uma confeitaria donde ia comer uma torta de chocolate quando comecei a conversar com alguns rapazes que adentraram no local. A sensação não era de estar sonhando, mas sim assistindo as alucinações mentais que surgem no estado de sonolência do torpor físico, mesmo que o sonho não tenha ocorrido logo após o adormecer (aliás, é impossível medir o tempo enquanto se dorme). O ruim foi a falta de controle do sonho em si, bem como não conservar lembranças suficientes de tudo o que se passou. Ah, vale dizer que eu dormi repetindo a seguinte frase: tenho sonhos lúcidos e me lembro deles com facilidade. Isso claramente não é bem verdade, mas saturando o cérebro com essa informação ainda pretendo fazê-la ser verdadeira.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
A páscoa se foi...
domingo, 24 de abril de 2011
Divisões de mim mesma... fragmentos infinitos!
Por vezes me pego tentando compreender a ligação entre animus, anima, ego, sombra, persona e self. A função natural do animus (como a da anima) consiste em estabelecer uma relação entre a consciência individual e o inconsciente coletivo. Analogamente, a persona representa uma zona intermediária entre a consciência do eu e os objetos do mundo exterior. O animus e a anima deveriam funcionar como uma ponte ou pórtico, conduzindo às imagens do inconsciente coletivo, assim como a persona representa uma ponte para o mundo. Portanto, a imagem do animus numa mulher pode retratar o relacionamento dela com seu próprio inconsciente. Para que ocorra o processo de individuação, é necessário que o ego se confronte com os aspectos que estão contidos na sombra. Essa sombra pode aparecer projetada numa figura feminina (se a sonhadora for mulher) e vice-versa, ou em uma vasta gama de seres, animais, etc, que irão retratar os medos, pulsões, instintos, desejos reprimidos, e assim por diante. O confronto do ego x sombra, se faz importante pelo fato de que, diante desta confrontação, o ego toma consciência de seus medos, fraquezas e negligências em relação a forma de se relacionar com o inconsciente e com o mundo externo. O ego tem a tendência a ser onipotente, negligenciando o contato com o inconsciente, passando a enxergar a si próprio como sendo a totalidade da psique, mas ele é apenas uma parte da psique, sendo a outra parte complementar o inconsciente. Quando surge a desunião entre ego x inconsciente, surge o desequilíbrio psíquico, que vem dar origem a neurose. Na psicologia feminina o inconsciente coletivo aparece simbolizado pelo arquétipo da Grande Mãe. Isso vale para eu continuar analisando as figuras e os personagens oníricos que ganham vida intra-psíquica durante as minhas noites de sono, donde, vale lembrar, os outros são sempre uma projeção de um aspecto (ou vários) de mim mesma.
domingo, 3 de abril de 2011
Como os doentes mentais se sentem...
Uma louca não completamente louca...
Agora são nove horas da manhã e tenho mais claramente um significado para o sonho de estar louca. Segundo o espiritismo, uma vida com deficiência ou insanidade mental é uma expiação obrigatória pelo abuso que foi cometido de certas faculdades em vidas pretéritas, ou seja, é um tempo de prisão. Mas aí eu pergunto? Um louco sabe que é louco e se envergonha por isso como sentia eu em meu sonho? Segundo a crença no espiritismo, o deficiente mental, no estado de Espírito (como ficamos em sono corpóreo), tem consciência de seu estado mental, ou seja, muito frequentemente ele compreende que as correntes que impedem seu voo são uma prova e uma expiação. No sonho existia o medo do descredito alheio, pois de uma certa forma eu já sofria meu próprio descredito. Percebo que dentre toda a agitação de loucura vivida no sonho, tudo foi apenas uma ampliação do que já sinto no dia a dia. O derreter como um gelo perante as situações donde tenho de enfrentar o contato social e o pegar fogo perante as raivas que sinto em situações de impotência são uma alusão sentimental literalmente correta. Obviamente eu não me vejo derretendo e nem pegando fogo, mas eu sinto isso e o sentimento toma conta de mim, mesmo tendo eu consciência de que não estou nem derretendo e nem pegando fogo na realidade. Melhor dizendo, a loucura surge exatamente em dar crédito a pensamentos e sentimentos irreais que tomam conta da racionalidade e, embora num grau não perceptível e sem alucinações, é isso o que vivencio. Diferente dos loucos eu tenho consciência constante da minha loucura, tanto que vivo em briga entre racional e sentimental. Portanto, finalizando o assunto desse sonho, creio que ele ampliou meu estado de consciência para me mostrar o quanto me torno irracional em meus comportamentos quando apoio o lado sentimental e dou crédito as emoções. Em todo caso ainda resta uma dúvida: Como apagar o fogo invisível que um louco vê e sente? Como conservar um louco congelado? No meu sonho eu literalmente derreti e peguei fogo. Talvez sofrer o mal da transformação seja o melhor remédio.
Pesadelo de estar louca...
domingo, 13 de março de 2011
Como estou no entremeio da Sulpiride com a Mistazapina...
Acho que nasci agoniada e isso é horrível, mas só nessa altura da vida que estou tomando conta da gravidade desse mal-estar em mim. Sinto como se o tempo fosse parar, acabar, não apenas o meu tempo, mas o tempo de modo geral. É uma sensação estranha como se tudo fosse acabar, como se o universo em si fosse ser interrompido repentinamente, de modo drástico. Será que isso é consequência de ter sofrido essa possibilidade abrupta (representada por um aborto espontâneo ou provocado) ainda no ventre materno? Minha mãe já contou-me que antes de ter minha irmã ela perdeu um bebê por alguma complicação biológica. Depois, quando estava grávida de mim sofreu a queda da escada e até meu nascimento seu desgaste tanto físico, por causa da fratura na coluna, quanto emocional, por causa das consequências que tudo poderia causar ao feto, foi enorme. Tudo isso me faz ter muita vontade chorar, me sinto sem espaço, talvez exatamente como fiquei quando minha mãe foi por várias vezes engessadas sem saber ainda que estava grávida. Como tudo isso é complicado para minha cabeça. Durante a vida toda milhares de vezes eu senti ser problemática, depois outras tantas vezes tentava me convencer de ser absolutamente normal. Não me sinto e nem me julgo normal no sentido de ser sociável, de ser serena por dentro (pois por fora aparento naturalmente ser uma pessoa serena e tranquila). Sempre tive necessidade de me convencer de uma normalidade inconvencível, existível em mim para sentir-me bem. Seria como um deficiente físico que diz a si mesmo que não ter um membro é normal para não se sentir o pior ou o mais prejudicado dos seres vivos. E falando em deficiente físico, acho que ter um transtorno de personalidade é bem pior, pois as pessoas não veem de cara e daí, até saberem, se é que chegam a saber, a pessoa com problema sofre inúmeras críticas, julgamentos e preconceitos de todos os tipos.
Acho que no fundo somente agora estou conseguindo começar a aceitar o fato de ter um transtorno de personalidade. Já estou próxima dos vinte e sete anos, mas minha vida se resume aos feitos de uma simples criança. Tudo bem que gosto da minha vida assim e gosto de mim exatamente do jeito como sou, mas isso não desfaz a verdade de que meu comportamento sofre um desvio, ou melhor dizendo, meu jeito de ser é deturpado da conduta normal de todos os jeitos de serem. Mas e daí com tudo isso? Eu só quero saber uma coisa: o médico está me enrolando ao dizer que tenho uma simples ansiedade. Como essa suposta ansiedade explica o fato de me sentir literalmente sendo molestada quando tento olhar nos olhos de qualquer outra pessoa? Acho que ele colocou o meu problema como simples apenas para criar uma empatia comigo e poder assim seguirmos com o tratamento medicamentoso. Confesso que esse tratamento tem me enchido de cólera, tanto por detestar tomar remédios quanto por detestar gastar dinheiro, seja com o próprio remédio quanto com o médico. Mas estou disposta a levar esse tratamento até o fim, pois se ele não conseguir me “curar”, vai ter que me aposentar (essa é a esperança da mamãe).
Eu tendo a ser negativista, mas não vou cometer a barbaridade de dizer que os remédios não possuem efeitos benéficos. Acho que estou diante de uma parede completamente branca. Tudo pode surgir nessa parede a qualquer instante: uma cura, um efeito colateral indesejável, um nada, ou até mesmo um agravo do próprio transtorno. E eu vou quebrar a cara para descobrir o desfecho disso tudo, só espero que não dure muito tempo. Não “engoli” a palavra rápida quando o médico explicou o tratamento temporário com remédios. Espero que o rápido dele não seja mais de seis meses, pois não sei se suporto tanto... Sinto-me sem lugar, como se estivesse fora do ambiente natural do costume, ou melhor, como se eu fosse inadaptável a qualquer ambiente. Acho que isso é um mal noventa por cento espiritual. Daí fico a me perguntar, como pode o médico achar que remédio vai mudar isso? Minha agonia (algo que ele chamou de ansiedade) já é constante e fica incabível em mim quando estou em locais com mais pessoas. Quanto maior a multidão, pior! Pois bem, amanhá eu desvendo mais alguma coisa do doutor!
quinta-feira, 10 de março de 2011
Vertentes internas...
São muitos os sonhos dessa noite, mas irei
relatar apenas os dois últimos. Os demais foram tão malucos que não consegui
dar-lhes muito crédito. Sonhei que andava junto de uma turma em uma construção
encantadora de dois andares. Posso descrevê-la como um castelo moderno de
madeira. Entretanto, lá dentro os cômodos se transformavam e isso soava como
armadilhas. Houve um momento em que o chão começou a rachar. Cada um pensava que
o certo era ir para uma determinada direção. Eu tentei sair do local, mas ele se
transformava a cada cômodo que entrava, de forma que encontrar e chegar na saída
parecia impossível. Foi até que, num desses cômodos, o chão simplesmente
desapareceu e caímos. Mas deu tudo certo, pois logo depois estávamos do lado de
fora do local mágico. Eu queria escrever num papel o nome daquela construção
famosa que levava o nome de seu construtor e de sua esposa, a qual ganhara o
local como um presente de amor. Não encontrei papel e, como os nomes eram bem
diferentes, talvez alemão ou russo, não consegui memorizar. A construção girava
sobre seu eixo e tudo soava tanto como perigoso quanto como interessante. Deve
ser essa a minha percepção das coisas da vida. Estarei em fase de mudança do
tipo o que já era, em qualquer outro minuto, já pode não o ser?
Depois disso
estava num local meio deserto. Havia um ônibus que tinha sido totalmente
destruído por dois ou três garotos vândalos. Também havia um policial no local,
mas ele parecia não se importar com a cena, ou melhor, se portava como se fosse
uma vítima. Um dos garotos estava tirando combustível do próprio ônibus a fim de
queimá-lo com o motorista do mesmo lá dentro. O outro segurava uma faca e
mandou-me correr se quisesse sair viva dali. Foi então que compadeci-me daquele
menino ainda tão novo praticando aquele tipo de atrocidade. Embora estivesse com
bastante medo, chamei-o para ir embora dali comigo. Disse que não poderia ser
sua mãe, mas prometia dar-lhe meu carinho, a única coisa que possuía naquele
momento.
Ele aceitou, largou a faca e começamos a correr pela
estrava de chão. Começou a chover muito forte. Houve um momento em que eu estava
ficando para trás, mas ele segurando em minha mão me ajudava a seguir adiante.
Vale ressaltar que, nesse momento, eu corria virada para trás, ou seja, de
fasto, enquanto ele corria normalmente. Eu parecia ter dificuldade de virar-me e
correr olhando para frente, ou melhor, eu não queria enxergar adiante. Foi
preciso o garoto dizer-me várias coisas, que agora não recordo, para eu
finalmente tomar a posição correta (ou no mínimo mais indicada).
Depois foi ele quem fraquejou e, sem saber
de onde tirei forças, peguei-o no colo e continuei a corrida. Chegamos numa
avenida asfaltada. Eu já não sentia mais as pernas, era como se deslizasse
rapidamente sobre o chão. Ultrapassamos os carros, passamos por um acidente que
causara grande congestionamento, deixamos para trás inúmeros touros e búfalos
enormes que também corriam bastante. Não sei o que tanta fuga pode significar,
mas percebo a importância dessa reconciliação ou entendimento interior entre meu
ser adulto e uma parte de mim ainda infantil e bastante revoltada, indefesa,
solitária e rebelde. É como se a força negativa pudesse se transformar em
impulso benévolo para seguir adiante e ultrapassar qualquer desafio. É essa
proposta de amizade e carinho que devo ter perante minha índole destrutiva, a
qual por vezes surge em mim querendo botar fogo no mundo todo para acabar com
tudo, principalmente com a própria raiva e ódio que arde em labaredas por
dentro. Vejo meu animus ainda passivo, em posição de vítima fragilizada.
Ao mesmo tempo, me vejo como alguém que provavelmente possui uma maneira equivocada ou difícil de viver por não conseguir desvencilhar do passado. Portanto, esses dois sonhos mostram-me 1. confusão; 2. mistura de medo (perigo) com coragem (encantamento); 3. solidariedade versus rebeldia; 4. passividade versus enfrentamento; e 5. superação do passado. Ainda tenho muito que melhorar, mas ao menos creio estar no caminho.
domingo, 6 de março de 2011
Sonhos de integração social...
Creio que não consigo racionalmente desvendar minhas
lembranças oníricas. Dentre a vastidão de sonhos, lembro de voar deslizando
rapidamente no ar. Depois eu estava numa fila e todos permaneciam vestidos de
roupa branca quando alguém me emprestou
uma e eu me troquei também. Eu brincava comentando em espanhol que sentia falta
de enfeites coloridos. Ao entrar numa espécie de boate, fui chamada por um rapaz
para dançar e o fiz. Ao sair de lá tomei um trem junto da turma com a qual
estava. Num certo momento o veículo em si desapareceu e, seguindo na frente,
junto com todos os demais que me acompanhavam,
continuamos sobre o trilho deslisando. Ao chegar no final da linha, deparamos
com um grupo de pessoas que faziam um bolo de fubá com erva-doce para vender na
rua. Além disso observei um catador de papelão que estava bastante nervoso e
deixara metade das caixas para trás. Nisso entrei no carro de um homem com o
qual eu estava me relacionando e ele foi passar na casa de sua ex-mulher. Eu
quis conhecê-la. Ela segurava um bebê (seu neto) no colo. Disse-lhe que tudo
nessa vida passa, o maridos, os filhos e até os netos. A única coisa que não
podia passar seria a felicidade e assim, desejei-lhe que ficasse bem. Mesmo que
ela me visse como uma rival, eu não me importava. Depois disso continuei
sonhando, mas as lembranças são mínimas. No geral os sonhos me mostram
integração social (ou uma busca compensatória disso).
sexta-feira, 4 de março de 2011
Analisando meus medicamentos...
A Mirtazapina aumenta a quantidade de serotonina e noradrenalina entre os neurônios. A serotonina é uma substância sedativa e calmante. É também conhecida como a substância “mágica” que melhora o humor de um modo geral, principalmente em pessoas com depressão. A serotonina é também um neurotransmissor, controlado no hipotálamo interferindo em várias funções orgânicas (apetite, sono, função sexual, humor, sensibilidade e etc.) Já, a dopamina e a noradrenalina proporcionam energia e disposição. A serotonina, noradrenalina e dopamina, estão muito associados ao estado afetivo das pessoas e à auto-estima. Já a Sulpiride é inibidora da recaptação de noradrenalina e serotonina.
O que essas substâncias provocarão em mim?quinta-feira, 3 de março de 2011
Pequena explicação complementar da postagem anterior...
Quero esclarecer minha crença: independentemente da natureza da vivência
experimentada (seja ela apenas um sonho ou uma recuperação de memória
passada), as emoções, os sentimentos, os pensamentos e as sensações são, creio
eu, sempre
autênticos, genuínos e verdadeiros. Existe uma função psíquica
desconhecida já
que o inconsciente é a parte da individualidade (hemisfério
direito/mente) não
incorporada à personalidade (hemisfério esquerdo/alma).
Conforme evoluímos, vai
diminuindo até inexistir qualquer diferença entre a
individualidade e a
personalidade, pois esta ultima não tolhe a energia
expressiva da primeira.
Portanto, seja sonho ou mais que isso, o importante
é auto-conhecer-me
psíquico-inconscientemente a ponto de transpor as
barreiras da personalidade
para integrar-me a individualidade.
Sonho tipo regressão de memória...
Acordei antes do dia clarear para aproveitar o corpo relaxado a fim de fazer umas duas horas de renascimento. Enquanto respirava tive vários sonhos (ou seriam lembranças de uma regressão de memória?). Neles eu era eu, mas ao mesmo tempo parecia ser outra pessoa. Não lembro da ordem certa, mas vamos lá: eu estava com um rapaz e seu pai que o havia ensinado a fazer um suco para conquistar uma moça. Eu observava seu jeito desajeitado (ainda estabanado) ensaiando de colocar o suco no copo (por vezes o morango de enfeite do suco caía fora do copo) e oferecer para a dama. Perguntei se poderia provar e ele me deu o copo com o suco. Então retirei de dentro dele o enfeite verde que imitava as folhas: eram várias tiras de pano costuradas juntas no sentido horizontal. Comentei que aquilo estava muito bem feito. O pai dele ao ver perguntou se ele houvera mexido na máquina de sua mãe para costurar aquilo. Ele confessou que sim.
Noutra lembrança eu levantei e caminhando em direção a um homem alto que segurava um maço de cigarros o abracei (ele era fumante, mas nunca o fazia na minha presença e, de tal modo, nos dávamos bem). Ele era bem mais alto que eu e nosso abraço foi muito forte. Suspirei seu perfume que me encheu de bem-estar. Eu havia feito uma viagem e tinha me envolvido com outro homem, e ele sabia disso. Disse que precisava muito conversar com ele. Perguntei se ele ainda me amava e ele respondeu que sim. Perguntei se ele continuaria me amando se acaso eu o deixasse para ficar com outro homem e ele respondeu que nunca deixaria de me amar e, muito compreensivo, disse que entenderia a situação uma vez que desejava sobretudo a minha felicidade. Eu tinha vontade de chorar, pois realmente me sentia dividida e muito cheia de amor. Aquela imensa compreensão era a expressão de um amor puro do qual eu sentiria muito pesar de abandonar.
quarta-feira, 2 de março de 2011
Sonho com meu querido animus...
Essa noite tive mais um sonho lúcido e por sinal foi maravilhoso. Eu estava num apartamento que era da minha irmã e minha mãe estava lá também. O fato de mamãe estar junto foi o ponto de consciência, pois nesse momento de sua vida real, ela não tem mais pique para fazer viagens longas, portanto, aquilo só poderia ser um sonho. Diante da lucidez eu tinha a liberdade de fazer tudo o que pudesse. Olhei pela janela, eu poderia pular por ela e sair voando. Será que voaria mesmo? Não aprovei muito a ideia. O apartamento era amplo e haviam uns cômodos misteriosos que estavam fechados por serem estritamente particulares. Mas como minha irmã não estava ali e aquilo era apenas um sonho, o meu sonho que eu conscientemente comandava conforme minha vontade, é claro que eu podia entrar sim e fazer tudo o que quisesse. Os cômodos fechados eram um closet e um super quarto bastante chique. Olhei as roupas da minha irmã, percorri os olhos pelos vestidos longos, as camisas bordadas, as calças de grife, os boleros de renda importados e pensei que poderia vestir tudo para experimentar, mas não era nada disso o que eu queria. Sabia que precisava ser rápida, afinal de contas, um sonho lúcido não dura a noite toda. Entretanto, tive de controlar ao máximo minha ansiedade, pois a mesma poderia dar fim a minha tão maravilhosa lucidez. Nisso um gato filhote veio esfregar-se aos meus pés bastante dengoso. Imediatamente lembrei do sonho com gatos de outrora e a interpretação de soutar a minha personalidade felina. Não tive duvidas do que eu queria: amor.
Desci para a área de lazer. Na frente do apartamento tinha uma área grande com piscinas e adiante o mar, de modo que uma escadaria da área de lazer ia parar diretamente na praia e as ondas vinham e terminavam de quebrar exatamente na escada. Procurei por um homem. Pensei que poderia me entregar ao primeiro que aparecesse, pois em um sonho tudo me era permitido. Haviam vários turistas, alguns senhores de idade e alguns homens barrigudos que já de vista não me agradaram. Ao ver um jovem parei-o, mas ao perceber que ele estava indo na direção de uma jovem que por certo seria sua namorada, disse-lhe que poderia deixar, que não era nada. Comecei a ficar desesperada, de que adiantaria estar no controle lúcido do sonho se não houvesse alguém do meu agrado para saciar minha sede de amor e desejo? Comecei a descer a escadaria em direção ao mar donde vários surfistas se divertiam. Parado num dos cantos estava um jovem de bela aparência que me chamou a atenção.
Perguntei se ele estava ali a trabalho, pois pela roupa me pareceu ser algum empregado do local e, se fosse, não queria dar-lhe problemas. Ele sem responder perguntou o porquê. Pensei em responder que queria conhecê-lo melhor, mas fiquei calada um tanto atônita. Ele sorriu como se estivesse ali exatamente me esperando e acariciou meu rosto. Num impulso não tive dúvida: era ele. Abracei-o como se ele fosse a pessoa mais especial do mundo e senti-o fazendo o mesmo comigo. Começamos a dançar juntos dentro do mar ao ritmo da música alegre que tocava na área de lazer. Eu me sentia segura, amada, a mais feliz das criaturas. Nesse momento eu pensei que não poderia ser egoísta visando unicamente o plano inicial de desfrutar um momento amoroso e desejei dizer-lhe abertamente o porquê daquela aproximação tão rápida e inesperada. Queria explicar-lhe que estava ali para esquecer a dor do meu passado afetivo mergulhado em baixa-estima, bem como todos os relacionamentos frustrados. Então eu perguntei: “você quer mesmo saber por que estou aqui com você?” Ele me respondeu com um beijo e não foi um beijo comum, mas um super beijo orgástico. A sensação de prazer foi tão imensa que o sonho desfez-se e acordei. Não tenho palavras para descrever o quanto esse sonho me fez bem. Ninguém melhor do que meu animus para ser o homem, o companheiro de sexo oposto da minha existência!
Três sonhos: fezes, suor azul e impressora de dois mil dólares
Tenho três sonhos em mente e
não sei a ordem
certa, mas vou escrevê-los sem me importar com isso. Primeiro eu
estava
voltando de uma festa com uma jovem. Ela tinha os olhos azuis escuros e
usava um batom super vermelho na boca. Ao chegarmos no apartamento dela
disse
que ainda era cedo e que gostaria de ficar mais junto dela. Então ela
me deu um
beijo de selinho na boca. Olhei-lhe fundo nos olhos e disse que
não estava me
referindo a isso (envolvimento sexual), mas unicamente a estar
junto e nisso
abracei-a. Compreendendo meu desejo ela convidou-me para
entrar e fomos para a
varanda donde havia uma vista muito bonita (mas não
lembro bem da vista, pois o
meu foco estava nela e não no exterior).
Enquanto nos mantínhamos na companhia
uma da outra ela beijou-me no canto da
boca. Diante disso dei-lhe um verdadeiro
beijo de língua e ela pareceu
encantada, confessou que estava surpreendida com
tal beijo. Era visível que
ela queria mais, porém eu fiz um charme e disse que
estava ficando tarde e
precisava ir embora. Nisso adentramos novamente para seu
apartamento e daí o
local pareceu-me um quarto de hospital. Notei que ela,
vestida com uma
túnica branca hospitalar, suava azul. Perguntei se ela já vira
suor azul.
Como sua resposta foi não, revelei que isso lhe estava acontecendo
naquele
instante. Enquanto ela espantada pensava no fato, apareceu uma
enfermeira
acompanhada da médica responsável pelo setor. Ela deitou-se na cama e
eu
perguntei a médica se aquilo era normal. Uma vez que era algo muito estranho
e sem explicações, sugeri que deveria ser um sinal. Ela ficou com medo e
acalmei-lhe dizendo que poderia ser um sinal positivo (pensar o contrário
era
derrotista). Estava visível que havia um clima bastante romântico entre
nós
quando despedindo beijei-lhe a mão e soutei-a aos poucos enquanto dizia
para ela
se cuidar e ficar com Deus. Eu sabia que ela desejava minha
permanência, mas eu
realmente tinha de ir para não descumprir com o horário
de visitas do local.
Em segundo eu estava defecando dentro de um pinico
quando minha irmã veio
com seu pinico e perguntou por que eu não a houvera
esperado. Comentei o fato de
não saber que ela queria que eu a esperasse.
Assim ela colocou seu pinico no
chão e junto comigo começou a defecar
também. Estranhíssimo isso, não? Estávamos
na varanda de um local que dava
de frente para o mar. De repente minha irmã
simplesmente terminou seu
“serviço” e adentrou nas ondas (creio que ambas
estávamos nuas).
Imediatamente fiz o mesmo. O mar por vezes era calmo, quase sem
movimento e,
depois, surgiam umas ondas gigantescas. Foi numa destas que,
enquanto eu me
dava super bem, vi minha irmã sendo auxiliada por meu cunhado
depois de
quase afogar-se já próximo da areia para onde fora arrastada. Meu
cunhado
segurava um lanche e minha irmã saiu da água para alimentar-se. Resolvi
sair
também e o sonho ficou nisso. Por ultimo, em terceiro, eu estava num local
fazendo um trabalho escrito e desenhado. Enquanto isso havia um jovem
fazendo o
mesmo através de uma mini impressora (parecia um notebook) que
estava fazendo
três coisas ao mesmo tempo: tirando cópias, imprimindo fotos
e imprimindo
páginas escritas e desenhadas. Fui ver a mesma, um aparelho de
ultimo lançamento
que atraía a atenção de todos. Nisso ele me mostrou o
panfleto da loja donde
comprara a mesma por dois mil dólares. Então comentei
que a impressora era super
maravilhosa, mas diferente dele, aquele preço eu
não pagaria de jeito algum. Uma
jovem que estava do meu lado concordou que o
aparelho era muito caro. Assim
finalizaram minhas lembranças dessa noite.
Passemos para uma possível
interpretação geral. Creio que existe resolução
de conflitos e superação, mas
isso ainda não está solidificado. Também
existem sentimentos de alegria e
confiança misturados a uma cota de carência
(sol e nuvens). Há vontade de ser
maior que as tristezas, as perdas, o
passado desgostoso de frustração e
desilusão. Diante dos sentimentos
negativos tenho de lidar com meu inconsciente
de uma maneira franca, aberta,
corajosa e sincera para compreender, construir e
conseguir satisfazer minhas
próprias expectativas (cinco de copas e rainha de
paus). Possivelmente vai
haver uma ruptura com o passado através de um fato
brusco (para não dizer
fatídico) de um grande gasto financeiro (além do que
pretendo gastar), mas
será algo que me trará um bom retorno no futuro. Meu
esforço e investimento
tanto financeiro quanto em outros sentidos será bem
recompensado (a torre e
peixes).
terça-feira, 1 de março de 2011
Sonho do humor felino...
Eu estava saindo de uma casa quando um gato que identifiquei como sendo meu quis sair também. Então eu destranquei a porta que eu já havia trancado e abrindo-a deixei ele sair. Do lado de fora havia outro gato que identifiquei como sendo da rua e eu acariciei-o. A priori pensei que meu gato fosse ficar enciumado e até me arranhar quando chegasse perto dele com cheiro de outro gato, mas não, pois ele se portou como se fosse amigo desse gato de rua. Nitidamente vejo o sonho me mostrando que preciso ou estou em processo psíquico de colocar minha personalidade de gata para fora e de modo a ser amiga dos demais “gatos” da rua.
Vejamos a personalidade dos gatos. Primeiro é preciso conquistar a confiança de um gato. Depois, é preciso aprender a respeitá-lo. Ele vai demonstrar afeto quando realmente estiver disposto, não a hora que alguém manda. Gatos emanam amor. Do ponto de vista energético, dizem que pessoas que têm alergia a gatos são pessoas que têm dificuldade de deixar o amor entrar em suas vidas. O gato é um animal magnético e misterioso, que muitas vezes assusta por conseguir enxergar através da alma. Elegante e altivo, o gato tem o dom da invisibilidade, mas também sabe chamar atenção para si. Desperta reações fortes nos outros, sejam elas positivas ou negativas. Gosta de brincar e é sedutor, sem perder a classe. Sabe desfrutar das coisas boas, possui uma languidez só sua, é charmoso, estratégico, curioso e atento. Enxerga bem no escuro e tem flexibilidade. Esgueira-se macio, gosta de conforto, entrega-se todo a uma preguiça gostosa, mas no momento seguinte já está pronto para a caça. Nunca perde a pose, tem seu orgulho. É desconfiado, escolhe muito bem a quem entregar seu afeto, mas quando o faz é de forma incondicional. Ama sem se submeter, sem obedecer, sem deixar de ser. Com seu jeito manso, observador, atento a tudo e a todos, ao visível e ao invisível, os felinos nos ensinam como ficar na espreita para perceber tudo o que estiver envolvido na questão, antes de tomarmos qualquer decisão.
Voltando para o sonho, num segundo momento eu estava numa espécie de escola e alguém chegando por trás me deu um susto usando a palavra bíblia. Eu estava com um pingente diferente que era uma mini bíblia que eu houvera achado em algum lugar. Com extremo senso de humor comecei a brincar. Disse que todo aquele susto era estresse e tensão nervosa. Alguns riram. Depois disse que daquele jeito eu ia ter que tirar o colar. Mais risada. Continuei falando e a cada fala eu conseguia mais gargalhadas, algo que me divertia muito. Alguém comentou: “Carla, hoje você está demais!” Agora me resta decifrar o que tal sonho significa. Vejamos: perante um susto eu poderia ficar inibida, mas não, eu usufruí da situação de maneria positiva e consegui angariar a atenção de todos me tornando o centro da diversão. Isso é uma grande reviravolta. Então a resposta segredo para enfrentar meus defeitos inibidores seria não só expô-los, mas fazer deles motivo de comédia, de bom humor, de brincadeira, de diversão social. Realmente isso me parece o máximo! Agora só me resta tentar colocar em prática meu espírito humorístico.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Assim eu sou...
Não é defeito, mas sim uma característica de preferência:
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Esquizóide... me auto-conhecendo em termos psicológicos!
Estive pesquisando sobre a personalidade esquizoide na internet. Em termos etiológicos, Lowen* conceitua o esquizoide como uma criança odiada, ou seja, fruto de uma parentagem abusiva, de áspera a não harmonizada, fria, distante, e desconectada. A criança experiencia a si mesma como odiada, não desejada ou insignificante. Com os recursos limitados de um bebê, o indivíduo pode apenas se retrair, dissociar ou migrar internamente. O bloqueio das expressões mais básicas da existência e o retraimento de energia com relação à realidade externa, aos outros e a própria vida gera indiferença e desconexão para consigo e para com as pessoas, daí a dificuldade de estabelecer relações. Isso pode acontecer desde a gestação, corroborando uma hipótese reichiana de que os pacientes com núcleos psicóticos em sua personalidade teriam vivido energeticamente a experiência, durante a gravidez, de um útero frio, um ódio inconsciente da mãe pelo feto. Tudo isso pode ter referência a queda que minha mãe teve no início da minha gestação. Experiências de depressão pós-parto, apatia, angústias da mãe no tocante a falta de apoio ambiental para que a mesma pudesse estar disponível para suprir as poderosas e constantes demandas do bebê também podem deixar marcas profundas de sentimentos de congelamento, terror e aniquilamento. Dessa forma, os esquizoides clamam pelo direito de existir, de encarnar no próprio corpo, que se encontra dissociado por uma grande capacidade intelectual, criativa ou espiritualizada. O indivíduo questiona o seu próprio direito de existir e investe em ocupações intelectuais ou espirituais, identificando-se com o seu intelecto e espírito. Os outros são vistos como negadores, amendrontadores e mais poderosos que o self. O indivíduo é particularmente sensível à aspereza social. Ele projeta com frequência sua hostilidade nos outros e estimula a hostilidade através da identificação projetiva.
É importantíssimo assinalar que, apesar de toda a descrição anterior exibir uma problemática muito delicada e fonte de sofrimento para o indivíduo esquizoide, todas as suas defesas foram estratégias para sobreviver e se constituir egoicamente mediante as ameaças que foram vividas muito cedo em sua história de vida. Os indivíduos esquizoides possuem aspectos de bastante saúde em seu caráter, pois por estarem frequentemente em contato consigo mesmo no seu caos interno, frequentemente tornam-se grandes criadores, artistas, escritores, que usam da fantasia para expressar-se no mundo, numa tentativa de comunicação e contato. Lowen acrescenta que, apesar do congelamento afetivo, esse tipo de paciente é de bom prognóstico, pois existe uma ânsia interna de relacionamento, contato, uma esperança de poder vincular-se de maneira afetiva que, quando ocorre na situação terapêutica, desperta núcleos de saúde muito satisfatórios, que o paciente pode, no decorrer do processo, experienciar nas relações significativas e sociais. Vale ressaltar que esse autor, assim como outros, relata como problemática principal no paciente esquizoide a existência de um falso self dissociado da realidade, inundado por fantasias para compensar o silêncio e o vazio interior. Podemos entender o corpo descrito anteriormente como resultante de falhas no processo maturacional, no qual as cisões, dissociações, angústias inomináveis ficam registradas como padrões de memória psicossomática. É um corpo que não teve a oportunidade de ser vivo com apoio e sustentação suficientes, o bebê muito cedo precisou realizar um processo de segurar-se, retrair-se no reflexo de susto para dar conta de suas necessidades mais primárias. O individuo de caráter esquizoide, sente-se rejeitado como ser humano. A resposta dada a tal rejeição é a ilusão de sentir-se superior. Tem muita lógica, mas ao mesmo tempo parece-me revelador imaginar-me com tudo isso.
* Lowen, A. O corpo traído. São Paulo: Summus, 1990.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Educação é tudo e amor é mais ainda...
por Jan Hunt, Psicóloga Diretora do "The Natural Child Project"
Na Noruega e na Suécia a lei proíbe que pais, professores ou qualquer outra pessoa bata nas crianças. Em alguns países e territórios, só os professores são proibidos de bater. Em toda a América do Norte o castigo corporal infligido pelos pais, desde que não muito severo, é tolerado ou mesmo incentivado como necessário à educação.
Nos últimos anos, muitos psiquiatras, sociólogos e pais recomendam que se pense seriamente em banir o castigo corporal. A razão mais importante, de acordo com o Dr. Peter Newell, coordenador da organizaçaão "EPOCH - End Punishment of Children" (1) ('Acabe com o castigo das crianças') é que "todas as pessoas têm direito à proteção de sua integridade física e as crianças também são pessoas" (2).
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1.Bater nas crianças ensina-as a também se tornarem agressoras. Atualmente existem muitas pesquisas mostrando a relação direta entre o castigo corporal na infância e comportamentos agressivos ou violentos na adolescência e idade adulta. Quase todos os criminosos mais perigosos foram vítimas de constantes ameaças e castigos na infância. Para o bem ou para o mal, faz parte do projeto da natureza que as crianças aprendam pela observação e imitação das atitudes dos pais. Portanto é responsabilidade dos pais dar o exemplo de empatia e sensatez.
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2.O castigo físico passa a mensagem injusta e nociva de que "o mais forte sempre tem razão", de que é permitido ferir alguém desde que seja menor e menos poderoso que você. Assim a criança conclui que é permitido maltratar crianças menores ou mais novas. Quando for adulto ele não vai ser capaz de sentir muita compaixão pelos menos afortunados e vai temer os mais poderosos. Isso vai impedir o estabelecimento de relacionamentos significativos essenciais para uma vida emocional satisfatória.
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3.Uma vez que as crianças aprendem pelo exemplo dos pais, o castigo físico ensina que bater é um modo correto de exprimir sentimentos e solucionar problemas. Se uma criança não vê seus pais resolverem os problemas de um modo criativo e humano, dificilmente aprenderá a fazer isso. Por isso os erros dos pais freqüentemente se repetem na geração seguinte.
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4."Poupe o bastão e estrague a criança", embora popular, é uma interpretação errônea do ensinamento bíblico. Embora o "bastão" seja mencionado várias vezes na Bíblia, somente no Livro dos Provérbios essa palavra é usada em relação à criação de filhos. Na verdade os métodos severos de disciplina do Rei Salomão fizeram de seu filho Robão um ditador tirânico e opressor que escapou por pouco de ser apedrejado até a morte por sua crueldade. A Bíblia não apóia a disciplina severa, a não ser nos Provérbios de Salomão. Jesus via as crianças próximas de Deus e pedia amor, jamais castigo (3).
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5.O castigo interfere com o vínculo entre a mãe ou o pai e o filho, uma vez que não é da natureza humana amar alguém que nos fere. O verdadeiro espírito de colaboração que todos os pais desejam só pode surgir de um vínculo forte, embasado em sentimentos mútuos de amor e respeito. O castigo, mesmo quando parece funcionar, origina um comportamento superficial, embasado no medo, que só persiste enquanto a criança não tiver idade para reagir. A cooperação baseada no respeito, ao contrário, dura para sempre e garante muitos anos de alegria aos pais e aos filhos.
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6.Muitos pais não aprenderam na própria infância que existe um jeito mais construtivo de se relacionar com as crianças. Quando o castigo não atinge os objetivos almejados e os pais não conhecem outras alternativas, os maus-tratos podem se tornar cada vez mais freqüentes e perigosos para a criança.
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7.A raiva e a frustração que a criança não se arrisca a expressar abertamente ficam guardadas; adolescentes revoltados não caem do céu. A raiva acumulada ao longo dos anos pode chocar os pais quando o filho sentir que já tem forças para expressá-la. O castigo pode resultar em "bom comportamento" nos primeiros anos, mas sempre a um alto preço, a ser pago pelos pais e pela sociedade em geral quando a criança atingir a adolescência e juventude.
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8.Bater nas nádegas, uma zona erógena na infância, pode criar na mente da criança uma associação entre dor e prazer sexual e levar a dificuldades na vida adulta. Anúncios em jornais alternativos procurando chicotadas atestam as tristes conseqüências dessa confusão entre dor e prazer. Se a criança só recebe a atenção dos pais quando é castigada, os conceitos de dor e prazer se confundem ainda mais em sua mente. Uma criança nessa situação vai ter uma baixa auto-estima, acreditando não merecer nada melhor. Mesmo surras relativamente brandas podem ameaçar a integridade física. Golpes na região lombar transmitem ondas de choque ao longo de toda a coluna e podem causar lesões. A alta prevalência de dores lombares nos adultos de nossa sociedade talvez tenha origem nos castigos da infância. Crianças já ficaram paralíticas por lesões de nervos em uma surra, e outras morreram por complicações mal esclarecidas depois de uma surra de vara.
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9.Em muitos casos do assim chamado "mau comportamento" a criança está simplesmente reagindo da única forma que é capaz, dadas sua idade e experiência, a um descaso com suas necessidades básicas. Entre essas necessidades estão: sono e alimentação adequados, detecção e tratamento de alergias, ar puro, exercícios físicos e liberdade suficiente para explorar o mundo a sua volta. Mas sua maior necessidade é a atenção integral de seus pais, que com freqüência estão distraídos demais com seus próprios problemas e preocupações para tratar seus filhos com paciência e empatia. É evidente que é um erro e uma injustiça castigar uma criança por reagir de modo natural à negligência de suas necessidades. Por essa razão, o castigo não só é ineficaz a longo prazo, como também injusto.
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10.O castigo dificulta à criança aprender a resolver conflitos de um modo eficiente e humano. Uma criança castigada fica ocupada com sua raiva e fantasias de vingança e perde a oportunidade de aprender um modo mais eficiente de resolver o problema em questão. Assim, uma criança castigada aprende pouco sobre como resolver ou evitar situações semelhantes no futuro. Explicações delicadas e uma base sólida de amor e respeito são a única forma de se obter atitudes louváveis apoiadas em valores profundos em vez de "bom comportamento" superficial motivado apenas pelo medo.
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Notas
1. EPOCH Worldwide, 77 Holloway Road, London N78JZ UK
2. Comunicação pessoal.
3. End Violence Against the Next Generation (EVAN-G), 977 Keeler Avenue, Berkeley, CA 94708, USA.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Meu jeito patriarcal...
Cinco, o papa. Carla usou a associação do papa com Oxalá, o grande Pai, orixá do céu, do sol, do ar e da luz. Em seu desenho ela se colocou como um senhor de barbas brancas que segura duas chaves em uma mão, representando o conhecimento oculto e um cetro com três divisórias (apaxoró), simbolo da trindade, do mundo físico, mental e anímico. Duas crianças ajoelhadas a sua frente denota obediência ao Senhor dos Arcanos. Ele é o bom concelheiro, é o sacerdote que guarda as leis divinas e que, de olho na pomba que pousa sobre seu cetro, lembra-se que deve espalhar serenidade e fé. No chão há um pentagrama, símbolo do homem integral, e abaixo deste duas alianças entrelaçadas, representando união solidificada (casamento). Sobre sua cabeça há uma mitra que recebe uma fonte de luz (inspiração) vinda do alto. Há um halo por trás de sua cabeça, mostrando que ele já alcançou um pouco da pureza e harmonia divina. Entretanto, na ponta do encosto de sua poltrona há um vaso com flores murchas mostrando a negatividade de seu rigor, da sua ortodoxia, inflexibilidade e arrogância. Na frente de toda a imagem há uma espiral, simbolo da meditação profunda e da evolução, algo que Carla pratica em busca de sua sabedoria e crescimento interior.
Esse é o arquétipo patriarcal que exite nela.
domingo, 23 de janeiro de 2011
Meu jeito insuportavel.... sera?
Quatro, o imperador. Carla usou a associação deste com Xangô, orixá do fogo celeste da justiça, dos raios e trovões. Então ela se desenhou enquanto um homem sentado com a perna cruzada no meio de uma pedreira. Ele tem coroa e cetro, pois é um guerreiro conquistador e governante absoluto. Ao seu lado há uma espada e um escudo com a figura de um lobo, pois é homem insaciável, de luta e independência. É determinado e chegou ao topo de suas conquistas materiais. Próximo dos seus pés encontra-se uma águia refletindo o poder, a liberdade, a inteligência, a imponência e a virilidade. Sobre uma pedra, dentro do portal que circunda o imperador, há um corvo demonstrando que esse homem carrega consigo aspectos negativos de arrogância, egoísmo, dominação, rigidez, intolerância, ambição e frieza. Ao fundo os raios e trovões sinalizam sua energia de autoridade e liderança. Esse é um arquétipos decidido, inflexível e teimoso que habita em algum canto de Carla.
sábado, 22 de janeiro de 2011
Meu jeito materno...
Três, a imperatriz. Carla usou a associação da imperatriz com Iemanjá, a grande mãe dona do mar. Em seu desenho ela se colocou como uma mulher envolta numa onda do mar. Ela carrega o mundo no ventre significando seu poder de maternidade, germinação e fecundidade. Numa das mãos ela carrega um cetro de autoridade encimado pela cruz-de-malta com oito pontas (simbolo do guerreiro cristão), e na outra uma espada, mostrando que tem iniciativa de lutar pelo que deseja. Encostado na sua cadeira há um brasão com uma águia, simbolo de sabedoria aguçada, nobreza, liberdade, fidelidade, poder, força, perspicácia e inteligência. Aos seus pés está um baú cheio de joias representando sua riqueza material e soberania. Junto dele desenrola-se uma cobra demonstrando a posse de sabedoria. Ao lado flores e frutas enquanto fonte de abundância e prosperidade natural. Na sua frente uma leoa representando a sedução e a astúcia da caça felina. No encosto da sua poltrona há o simbolo feminino (um circulo com uma cruz). Seu longo vestido e sua coroa mostram sua imponência, seu caráter majoritário e um tanto arrogante. Ela é a Mãe protetora que reina envaidecida no interior de Carla.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Meu jeito sábio, reservado, introvertido e muito misterioso...
Carla usou a associação da papisa com a sacerdotisa Nanã, a mais velha das orixás aquáticas e mãe dos mortos. Em seu desenho ela se colocou com um véu estilo burca cobrindo a cabeça e deixando apenas os olhos a vista. Isso simboliza seu jeito misterioso, sua sabedoria oculta e inconsciente. Ela está sentada (indica passividade) em sua poltrona, mantém o queixo apoiado sobre as duas mãos que seguram um pêndulo que gira sobre um livro aberto, fonte de seus estudos e conhecimentos, indicação do seu sexto sentido e das vocações místicas. Do lado esquerdo da sua poltrona há várias partes inferiores do X enquanto do lado direito há várias partes superiores do X. Isso indica as dualidades de forças, seja o masculino e feminino, seja o bem e o mal, seja a razão e a emoção, seja o material e o espiritual ou seja a morte e a vida. Na saia de seu vestido encontram-se vários X inteiros mostrando a unicidade já conquistada pela experiência de vida. A presença predominante do símbolo-letra também lembra o cromossomo feminino xx representante da fecundidade e maternidade. Ao fundo do lado esquerdo se avista as colinas cobertas de flores e do lado direito as nuvens soltando raios, ou seja, ela está no entremeio da terra mansa e fértil que acolhe, e o céu imponente e escuro que descarrega sua energia dominante. Sobre a cabeça ela tem um chapel de meia lua e do meio dele desce um adorno que posiciona-se no meio de seus olhos (no terceiro olho) representando sua intuição e espiritualidade. Na frente dela está a cortina semiaberta mostrando sua característica introvertida, reservada, escondida, concentrada no seu mundo pessoal. O chão quadriculado com um arco de chaves mostra que ela, enquanto uma maga, possui acesso aos cultos de alta magia. Ela é a grande mãe e sábia que se esconde no interior de Carla.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Uma prece...
Pai do Céu, há em mim uma mistura de mil sentimentos. Sinto-me compulsiva, cheia de energia, mas ao mesmo tempo cansada. Quero encher-me de tranquilidade, mas meu ser também carrega agonias e preocupações difíceis de serem arrancadas de mim. Por vezes penso que adoraria colocar a vida nas minhas mãos e dominá-la como se ela fosse uma formiguinha, mas isso é impossível: o amanhã é ilusão, eu não sei o que será de mim no próximo minuto e não tenho como mudar as leis que regem o universo. O paradoxo de lutarmos contra a insegurança, a instabilidade e a insignificância humana acompanharão as gerações afora e devemos nos adaptar a isso sem empunhar armas que acabam voltando sobre nós. Quero viver, quero paz, quero a bênção única de poder ser o que sou, mesmo com meus defeitos e imperfeições. Amo-me como sou e não quero ser diferente, mas se for de vossa vontade alguma mudança, que seja gradual, sem pressa, sem cobrança, sem culpa, sem tristeza, sem revolta ou cólera. Eu só quero sorver cada segundo da graça de existir nessa vida cheia de mistérios que não posso conceber, definir, explicar ou quantificar. Eu só quero ter o direito de ser feliz, de saciar minhas necessidades, de realizar os nossos sonhos, de acreditar naquilo que pessoalmente faz sentido a minha mente e coração.
Eu nada tenho além de Ti e nada sou se não for Contigo dentro de mim. Eu não quero encontrar sentido ou utilidade em nada do que sou ou faço, eu só quero continuar Contigo para sentir a maravilha de, naturalmente, sem nenhum esforço, ter um sentido para Ti e ser uma utilidade dentro da Vossa criação. Eu não quero temer o destino, quero apenas ter fé na sina que construo. Quero dormir embalada na Vossa misericórdia que compreende, protege e ampara cada um de todos nós, e se possível, também quero ser compreensão, proteção e amparo, mesmo que de forma indireta. Continue cuidando de mim como sempre fizestes. Que eu continue nada tendo além de Ti, que eu continue nada sendo além de Vossa filha, que eu prossiga nada fazendo além de buscar o Vosso amor por toda a eternidade. Conceba-me a justiça de merecer Tua cumplicidade e completude em proporção as boas intenções que carrego. Sou Contigo e Vos é comigo. Domine a minha vida por mim e guie os meus passos no caminho da Vossa certeza, na luz do Teu amor. Faça tudo valer a pena, faça minha alma ser grande e renove minhas esperanças a cada dia dando-me a Tua companhia que me faz ter a oportunidade de lidar com a terra, sentir o sabor doce das frutas colhidas no pé, ter saúde e poder correr em meio a natureza, expressar minha criatividade através das atividades manuais, enfim, as pequenas coisas do dia a dia que faz eu suspirar agradecida dizendo o Vosso nome. Meu coração só vos pede a graça de continuar vivendo, de continuar na autenticidade de ser o que sou, mesmo que para isso eu seja anormal. Antes anormal e autêntica do que normal e cheia de mascaras ou convenções sociais como costumava ser. Bem, que Vossa vontade prevaleça. Que assim seja! Amém!
A minha magia...
Me coloco como uma jovem que está em pé, de prontidão para agir usando sua sabedoria, e de roupa branca que representa pureza. Também usa uma capa colorida e na cabeça uma coroa de folhas que tem no meio da testa uma estrela de cinco pontas sobreposta a outra estrela igual. Esses pentagramas simbolizam o seu ser integral em perfeita harmonia com a plenitude da existência. As duas estrelas juntas formam dez pontas que numerologicamente reduz ao número um, simbolo da liderança, vitória, virilidade e força masculina. Usa braceletes de folhas e um colar com uma chave pendurada, a qual indica possuir aceso ao segredo da magia. Algumas folhas da sua coroa estão levantadas para o ar lembrando a fertilidade. Ela está posicionada atrás de um toco de árvore em forma de altar e no alto de uma escada que fica no meio, no centro exato da mata. O alto representa o progresso da conquista e iniciativa para lá chegar. Na frente desse toco tem uma planta com três flores que lembram a letra alfa, representante do principio, o início, o ponto de partida, o começo, a base. Atrás de si a imagem do sol nascente em tom amarelo laranja que indica poder e força. Sobre o tronco está fincada uma máscara que representa suas habilidades de manipulação, oportunismo e astúcia. Em sequencia vem os quatro elementos de domínio: um vidro contendo ar, um punhado de terra, um copo com água e um carvão com fogo. Na mão direita ela segura uma maça que representa seus desejos e na direita um arranjo de coqueiro, simbolo de determinação e coragem, com um pássaro sobre suas folhas, símbolo do espírito santo. Na base desse arranjo tem um crânio com um coração pendurado e entremeio esses dois uma balança que equilibra razão e emoção. Embora segurando tal arranjo, seu dedo indicador está apontado e dele sai um raio que acerta um alvo. Ela indica que possui metas definidas por trás de seus atos, os quais são planejados e organizados com disciplina. No alto de sua cabeça um oito deitado que, enquanto simbolo de infinito, representa a eternidade. A sua direita tem uma planta cujas folhas caíram e os brotos de renovação se fazem visíveis. Ela é a maga que reina em mim.
O meu jeito louco...
Me coloco como um homem ainda jovem que está sobre um morro a beira do barranco. Embora trajado de terno, suas calças rasgadas mostram que ele é um andarilho um tanto desleixado que aceita sua condição. Muitos caminhos seguem atras e ao lado dele, mas ele escolhe seguir a luz do sol a frente, mesmo desafiando a abismo. Ele é aventureiro, atrevido, brincalhão. Tem gênio de criança e ainda carrega atado em seu bastão, seu único apoio, três de seus brinquedos de infância: uma bola, um carrinho e um globo do mundo. Pendurado em seu ombro carrega uma capanga e na ponta do bastão uma trouxa de roupas. Na mão esquerda ele segura um buque de flores, simbolo da sua espontaneidade e inocência para com a realidade. Na cabeça ele usa uma cartola, a qual enfeitou com três penduricalhos coloridos. Isso o faz parecer uma palhaço de circo, mas ele não está nem aí e assovia ao notar que as mulheres (ao fundo da imagem) ainda o olham vidradas admirando seu infindável charme, sua descontração, sua alegria de ser descomprometido. Aliás, é por isso que ele está embaixo da sombra fresca de uma árvore, pois tem tempo de sobra para ficar parado apenas sentindo o tempo passar. Ao seu redor borboletas indicam a serenidade e liberdade existente no caos da indefinição, da incoerência, da imaturidade. Ao seu lado esquerdo há um lobo companheiro e à direita uma galinha que cisca o chão. Esses dois animais indicam o dualismo, as semelhanças opostas, os conflitos internos da sagaz esperteza versus a tola e acomodada distração. O lobo possui desejo insaciável, é um consumidor compulsivo. A galinho cisca, cisca e dentro do seu entretenimento básico, nunca esta satisfeita. Simboliza a ganância de quem tudo quer e nada possui. Assim como o lobo, embora de maneira diferente, a galinha também é insaciável. O lobo olha para a galinha mostrando os dentes ameaçadores, e esta cisca o chão como se dançasse irresponsavelmente em sua frente. E no meio de ambos está o louco que não se preocupa em intervir, pois deixa a situação entregue ao destino. Entre tudo e nada ele anda, anda e não sabe para onde vai. Daí fica esperando o mundo acabar em barranco para morrer encostado. Ele aparentemente parece desprotegido, e no entanto está provido, mais do que qualquer um, pela essência divina.