Nossa personalidade é formada por uma soma de personagens e mascaras. No dia-a-dia representamos os nossos papéis no teatro da vida. O jeito que somos em casa não é o mesmo que somos no trabalho. E no churrasco com os amigos também não somos do mesmo jeito na empresa conversando com o patrão. Desempenhamos um papel diferente para cada momento da nossa vida. São as nossas máscaras sociais, os diferentes papéis, os personagens do nosso cotidiano. A palavra “personalidade” é muito significativa. Ela se origina da palavra grega persona. O termo persona vem do latim (persona/ae = máscara, figura, pessoa, etc.). Foi utilizado para denominar as máscaras da tragédia grega, originária dos rituais dionisíacos, na sua chegada à Roma antiga. As máscaras serviam nas representações artísticas e serviços religiosos mais primitivos, entre outras coisas, para acentuar os traços de caráter dos personagens/deuses.
A permissividade dos mascarados, muitas vezes, permitia irromper em casas particulares com a ocultação do rosto que máscara permitia .
Psicologicamente o mascarado não é uma pessoa autêntica, pois deseja se ocultar na máscara para dar expansão aos seus atos, que de forma aberta não teria condição de os realizar. O seu usuário passa a ser uma pessoa falsa que teme evidenciar a sua identidade.
Esconder o rosto sob uma máscara, é um recurso falso de efetuar ações que sem ela não seria possível .Em psicologia, persona serve de significante para o conjunto de caracteres comportamentais que identificam um indivíduo (pessoa), na sua relação com o mundo.
Jung utilizou o termo persona como agrupamento de conteúdos conscientes e inconscientes, integrante da formação do eu pessoal. Numa imagem mais alegórica, persona seria a máscara que o indivíduo usa nos seus contatos com os demais indivíduos ou grupos, servindo-lhe de defesa como uma peneira, um anteparo. Primeiramente, as informações esbarram nessa amurada de proteção ao castelo pessoal. Separadas as informações, a considerada "útil" pode passar (departamento de triagem). Do processamento dessas novas informações serão geradas repostas (ou não) que podem ir de uma simples aceitação ou negação a complexas fórmulas de retorno/comunicação com o mundo exterior, a partir de aprendizados acumulados através dos anos. Vamos imaginar uma conversa entre dois indivíduos como uma cena teatral, cada um com uma máscara à mão e à frente do rosto. A personalidade de cada um deles estaria representada pela máscara, que não é o próprio indivíduo na sua essência, mas o que ele "representa" significamente para o outro, como a forma que este indivíduo se "mostra" para o mundo. Esta máscara engloba ataques e defesas, saberes e lacunas, etc., disfarsados em um exteriótipo (a própria máscara) com a finalidade de evitar que o indivíduo seja invadido pelo mundo de fora.
Cada pessoa pode utilizar a máscara mais próxima ou mais distante do rosto. Quanto menor a necessidade de dissimulação ou disfarse, mais próxima o indivíduo colocaria a máscara do rosto. Em verdade, o que ocorre é que quanto mais seguro o indivíduo está das suas verdades maior legitimidade terão suas atitudes e menor a necessidade de desvios e representações. Da mesma forma, quanto mais distante a máscara estiver do sujeito, maior o nível de teatralização que se fará necessária. Uma personalidade forjada em modelo distante do eu pessoal (variando de pessoa para pessoa), será ora envolvente, ora evasiva, ora esplendorosa, ora sombria, ora espetacular, ora medíocre, face a distância entre a verdade interior e o teatro de convencimento em curso na troca de informações e, em consequência, a dificuldade de se manter presente a própria "pessoa", gerando este nível de desequilíbrio.
De maneira inversa, tanto maior será o risco de perigo de invasão do espaço pessoal quanto mais próxima a máscara estiver do rosto (eu verdadeiro), o que exige segurança e firmeza de carater. Aliás é esta inclusive a razão maior da persona servir de escudo entre as estocadas que vêm da sociedade (do outro) e de amortecedor para que se possa dar respostas adequadas e eficientes, com razoável margem de tempo. Face ao risco de ferimentos no ego, o indivíduo se protege e afasta seu eu da linha de tiro. Portanto, quanto mais próxima a persona estiver do eu (o melhor mesmo é deixar a persona de lado e assumir o eu), mais verdadeiro e mais forte o indivíduo está para enfrentar a realidade. É essa força que estou buscando!
A coisa fundamental a ser entendida é que você (digo isso em principal para mim mesma) não pode conhecer sua própria natureza, seu próprio coração, seu próprio ser, por causa de sua personalidade, por causa de uma entidade falsa que você criou ao seu redor. Vivemos encerrados dentro de personalidades. As personalidades são falsas. Elas são, simplesmente, máscaras, fachadas a serem mostradas aos outros. Mas esse hábito torna-se tão arraigado que você se esquece completamente de sua face original. Mostrando suas falsas faces aos outros, aos poucos você se identifica com elas e começa a pensar que elas são as suas faces. Então, sua face original, o que é chamado de individualidade, a sua face real, permanece oculta. Para seguir seu coração primeiro você deve manter sua face verdadeira por perto, é inegável que desempenhamos diversos papéis, mas temos que tomar muito cuidado para não nos tornar os personagens. Observe o ator, ele interpreta diversos personagens, mas se mantém intacto quando a cortina fecha.
Em síntese temos a individualidade enquanto consciencia profunda, superior (subconsciente), emoção e sentimento e a personalidade enquanto mente consciente, intelecto e razão. Pela personalidade vivemos o que os papeis sociais do contexto atual nos exige, enquanto que, movidos pela nossa individualidade, agimos com base em nossa totalidade existente, demonstrando nosso Eu interno, divino, nossos sentimentos reais. Agora resta desvendar até onde vai a minha personalidade e donde entra a minha individualidade.